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Foto/ autor desconhecido |
Semana passada resolvi ler
Os Miseráveis, do escritor francês Victor Hugo. Devorei! Uma obra maravilhosa que fala sobre a pobreza, a miséria (e seus efeitos nos homens), a bondade, a solidariedade e, o amor ao próximo. E isso me fez refletir sobre a relação dos parisienses com pedintes e mendigos - algo que sempre me chamou a atenção desde quando cheguei aqui. Ao contrário do que estamos acostumados, trata-se de uma relação mais próxima, mais humanizada. Pelo menos é o que ando vendo pelas ruas e estações de metrô. Na estação próxima ao meu cafofo (a
Convention) todos os dias está uma senhora muito velha, com aparência muito sofrida, que usa roupas escuras e um lenço na cabeça e seus traços me faz pensar que ela deve ter vindo do leste europeu. Sempre está escorada em um canto no final das escadas. Ela cumprimenta a todos os que passam apressados. E não é difícil ver pessoas conversando, indagando sobre sua situação e até abraçando essa senhorinha. Algo impensável no Brasil. Já na estação
Saint Michel, não é raro ver um emblemático mendigo e seu cachorrinho, da raça
pequenês, abraçados o tempo todo. O cachorro tem uma cara de dengoso que comove. E já vi por muitas vezes as pessoas se abaixarem para conversar com esse senhor e acariciar o
pequenês. Eu acho isso bonito, mas confesso que nunca o fiz - não por preconceito ou medo, mas por uma questão de costume mesmo. Acho que no Brasil criamos uma carapaça. A miséria foi banalizada, tornou-se algo comum para nós. É tanta gente pedindo, que isso não nos comove mais. Triste pensar assim. Mas aqui, como o Estado existe, e se faz presente, ainda há surpresa e indignação em ver pessoas nessa situação. Romantismo ou não, acho que Jean Valjean (personagem-herói de
Os Miseráveis) deixou seguidores na Cidade Luz!
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