segunda-feira, 19 de novembro de 2012

C'est fini

Já faz um mês que deixei Paris e, como todos sabem, a razão da existência desse blog é justamente relatar minha vida nessa cidade tão linda... Logo, nada mais lógico que ele deixe de existir a partir de agora. Confesso que isso me dói um pouco porque escrever aqui foi muito prazeroso e me deixava feliz. Me descobri um pouco mais, pude me mostrar um pouco mais, pude receber o carinho dos amigos próximos e até mesmo daqueles mais distantes que eu nem imaginava que pudesse alcançar... Eu queria, nessa despedida, agradecer ao apoio, ao carinho, aos incentivos, aos elogios... Fiquei feliz com o resultado. Estou tristinha com o fim, meio que sofrendo de abstinência, mas feliz por começar uma nova etapa. C'est fini!

A viagem de volta

Bom, mesmo passado tanto tempo desde a minha chegada, acho que vale relatar a parte final do minha viagem de volta... Último dia em Paris. Acordei cedo para terminar de arrumar minhas malas, mas mal conseguia andar direito por conta da dor muscular da minha panturrilha esquerda. O proprietário do apartamento, um simpático francês, batia na porta enquanto eu estava no toilette para marcar a vistoria e os acertos finais da entrega do cafofo. Duas horas depois, e já com todas as tralhas e as quatro pesadas malas arrumadas, fizemos a vistoria enquanto aguardávamos o táxi chegar. O taxista teve sérias dificuldades para conseguir colocar as malas no carro e Jivago, já com dores nas costas, o ajudou. Estava para começar a maratona. Chegamos ao aeroporto com certa tranqüilidade no horário e seguimos direto para a balança pública para pesarmos as bagagens antes de fazermos o check-in. Logo de cara, ao colocarmos a maior mala, o desespero bateu: excedemos a franquia permitida em 12kg! Eu, pálida, olhei a balança, já com a segunda mala, e excesso novamente em 6kg! Soltei uma risada desesperada enquanto Jivago se dirigia ao balcão da TAP em busca de informações sobre nossas opções – a única era comprar uma nova mala e pagar pelo seu despache porque, de acordo com a legislação francesa, nenhum carregador pode pegar mais que 32kg. Daí, fomos até o final do nosso terminal ver o valor de uma mala já imaginando que seria o mesmo preço de um copo d’água no meio do Saara. E era. Lembrei que no começo do terminal havia outra loja e pedi que Jivago ficasse ali enquanto eu ia até lá. Acelerei o passo e, chegando lá, constatei que o preço era um pouco mais barato. Animada, e correndo contra o tempo, esqueci da dor na panturrilha e sai correndo... Ma, quando já estava chegando, Jivago me disse que já havia comprado uma mala mais barata. Chateada, olhei para a tal e enlouqueci ao ver seu tamanho (muito pequena para quem tinha tantos quilos para acomodar) e, principalmente, pelo esforço que fiz em vão. Bufando, sentido a panturrilha e reclamando da situação, procurei um lugar menos movimentado para refazer nossa bagagem – e voava camisa para um lado, cuecas para outro, casacos, garrafas de vinho, livros, etc... Tentei fazer uma mágica com aquela malinha e tinha que transformá-la em algo pesado! Corremos para repesar todas as malas. Ufa! Tinha dado certo e todas estavam dentro dos padrões. Procurei por minha mega-bolsa e desesperei porque ela havia sumido. Achei que a tivesse esquecido enquanto arrumava a nova mala e, quando Jivago já estava voltando para procurá-la, a enxerguei no carrinho sob escolta de um policial – depois dos atentados terroristas, qualquer sacola “abandonada” é suspeita! Depois de resgatar minha bolsa, era hora de fazer o check-in, pagar o preju e embarcar. Para minha sorte, pude dar uma última olhada à Torre Eiffel do alto. Linda, como sempre. Duas horas e pouco depois, descíamos na cidade de Porto, em Portugal, onde faríamos uma escala de cinco horas. Fomos até uma estação de metrô (que não recordo o nome) onde deixamos nossa bagagem de mão em um locker alugado e, assim, podermos aproveitar o curto passeio mais tranquilamente. Dali, seguimos para o centro da cidade. Banhada pelo Douro, Porto mais parecia um grande Pelourinho - mas, não sei se por conta da crise, achei que ela estava um pouco abandonada...
 Depois de visitarmos seus principais pontos turísticos, fomos até um restaurante para comermos meu tira-gosto preferido: bolinho de bacalhau. O lugar era super simples, mas a comida estava deliciosa... A dona, uma típica portuguesa alegre e simpática que adorava as novelas do Brasil, ficou feliz em rever Jivago e em me conhecer (na última viagem que ele havia feito para o Brasil, pegou esse mesmo voo com escala em Porto, fez esse passeio que fizemos hoje e conheceu esse restaurante). Enquanto eu bebericava um vinho do porto, nós conversávamos com ela sobre a novela Gabriela... Resolvemos comer um bacalhau... Saboroso!!! Depois de muitas risadas e conversas novelescas, pegamos o metrô de volta rumo à estação onde estava nossas bagagens e, de lá, rumamos para o aeroporto onde pegaríamos voo para Lisboa. Estávamos até animados em pegar uma night lisboeta, mas, como o voo atrasou em 2h, nosso plano foi por água abaixo... A parte boa disso foi que tivemos um avião quase que exclusivo já que só havia, além de nós dois, mais três passageiros - me senti em um jatinho particular! Famintos e cansados, seguimos para um hotel em Lisboa - muito bom por sinal! E, com a promessa de acordarmos cedo para visitarmos a cidade antes do nosso embarque, dormimos. E quem disse que conseguimos acordar? Só deu para tomar café e seguir para o aeroporto. Uma pena! O voo foi tranquilo e, durante as últimas horas, assisti "O Exótico Hotel Marigold", um lindo filme que muito disse da minha experiência francesa: "Nada acabou saindo como eu imaginava. A maioria das coisas não saem. Mas, às vezes, o que acontece no lugar são as coisas boas. (...) O único verdadeiro fracasso é o fracasso de não tentar (...) Viemos aqui e tentamos, todos nós. Cada um a seu jeito. (...) Mas também é verdade que a pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada. Tudo que sabemos do futuro é que será diferente. Talvez o nosso temor é que continuará tudo igual. Então precisamos comemorar as mudanças porque alguém disse que, no fim, tudo dará certo e se não tiver dado certo, então, o fim ainda não chegou".




sábado, 20 de outubro de 2012

Despedida - parte final


Domingo, véspera de nossa partida. Acordei e já fui direto para a cozinha fazer a sobremesa para o almoço de despedida de meus colegas do curso de francês na casa da minha mais querida amiga que fiz em Paris, a Angela - uma argentina que tem a idade do meu pai e que é muito fofa, alegre e descontraída e ainda é casada com outra figuraça divertida, o Hugo. A sobremesa era crepe com recheios de banana e maçã - a massa eu comprei pronta. Um deles, o de banana, resolveu queimar e eu tive que fazer outro... Chovia muito, fazia frio quando saímos de casa e carregávamos algumas sacolas que continham coisas do cafofo que ofereci a ela já que não levaria para o Brasil (como cabides, um ferro de passar novinho, utensílios de cozinha, etc.). Como meus sapatos já estavam socados na mala, acabei usando uma sapatilha (modelo errado para a chuva) e por isso eu resmungava do frio e da chuva, mas também tentava me conformar de que isso já estava acabando e que era hora de me divertir. Chegamos. Fomos recebidos de forma muito calorosa. Estava feliz e comovida com o fato da Angela, também às vésperas de sua viagem à Argentina, oferecer um almoço em sua casa. O menu eram as famosas empanadas argentinas - uma maravilha!! Rimos muito lembrando alguns casos engraçados de nossa convivência como o dia em que resolvemos ir até a Ikea de metrô (ver post sobre minha mudança para o cafofo) e nossa dificuldade em carregar as tantas coisas que resolvemos comprar como, por exemplo, os "famosos platos blancos". Risos. Terminamos de comer e a hora de irmos se aproximava porque ainda estávamos decidindo se precisaríamos comprar uma mala extra (porque as malas estavam muito pesadas) e tínhamos que aproveitar o horário de funcionamento das lojas. Cumprimentei cada um, recebi votos de sorte e felicidade, convidei a Angela e o Hugo para nos visitarem no Brasil e, na saída, me emocionei porque ela estava na porta do apartamento com um presentinho para mim: um lindo colar de pérolas e uma pulseira que ela havia comprado na Nigéria, lugar em que morou nos últimos quatro anos. Quanta gentileza! Nos abraçamos forte, disse para ela se cuidar e ela disse que sentiria minha falta. Eu também. É engraçado ver como as relações são construídas e como nos aproximamos daqueles que temos afinidade, independentemente da idade. Eu nunca tive problemas com isso e sempre gostei de conversar com pessoas das mais variadas idades. Gosto de diversificar minhas amizades porque acho que aprendemos mais, mas não escolho ou busco isso racionalmente, apenas acontece. E assim o foi com a Angela e o Hugo. Queridos. Dali, decidimos não comprar a tal mala extra e arriscarmos (porque Jivago, com seu feeling sobre pesos e medidas, estava confiante de que todas estariam dentro do permitido). Mais tarde, e já em casa, quis sair novamente, mesmo no frio, para cumprir a tradição romântica de colocar nosso cadeado em uma ponte sobre o Sena - já fazia um certo tempo que eu havia comprado e decorado um, mas como viajamos muito nos últimos dias, não havia sobrado tempo. Escolhi uma ponte menos cobiçada, a do Museu d'Orsay - que foi a primeira que vi e cruzei logo que cheguei a Paris. Colocamos juntos nosso cadeado e joguei as chaves no Sena. Da ponte eu avistava as luzes da Torre Eiffel e é claro que estava em meus planos finais dar-lhe um até logo. Caminhamos pelas margens do Sena, passamos pela Ponte Alexandre, pelo Les Invalides, avistamos o Grand Palais e seguimos margeando o rio até o destino final. Avistei a Torre - como sempre, linda! Posso dizer que eu sou louca por ela... Acho-a tão elegante, tão harmônica com a cidade que eu não me canso de admirá-la. O frio estava aumentado, começou a chover e o músculo externo da minha panturrilha inventou de reclamar. Pegamos o metrô de volta ao cafofo. Quase um ano morando em uma cidade linda e o saldo, para mim, foi positivo. É claro que passei por apertos, tive medos, senti saudades, pensei em desistir, enfrentamos graves problemas de saúde na família de Jivago, mas perseveramos - ele muito mais que eu. Aprendi muitas coisas, compreendi outras, testei meus limites e descobri que a gente se adapta a tudo. Tive uma vida simples de estudante (ao estilo Hemingway), sem grandes luxos, mas com um grau de conforto aceitável. E, como escreveu esse escritor em seu livro, Paris é uma Festa: "Paris não tem fim, e as recordações das pessoas que lá tenham vivido são próprias, distintas umas das outras. Mais cedo ou mais tarde, não importa quem sejamos, não importa como o façamos, não importa que mudanças se tenham operado em nós ou na cidade, a ela acabamos regressando. Paris vale sempre a pena, e retribui tudo aquilo que você lhe dê".

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Despedida - parte II


Ala dedicada à arte islâmica
O dia prometia. Hoje era dia de me despedir do Louvre e da Mona Lisa. É claro que isso é modo de falar porque, para mim, existem muitas outras obras mais interessantes que a Gioconda. Brincadeiras à parte, queria mesmo era visitar as outras áreas do museu que eu ainda não conhecia, como a recém inaugurada ala dedicada à arte Islâmica. Mas antes fui visitar a ala onde estão os chamados “objetos de arte” e os “apartamentos de Napoleão”, simplesmente maravilhosa! E, para mim, esses recintos decorados são mais suntuosos e luxuosos que o próprio Palácio de Versailles - queria ter fotografado tudo de maneira mais descente, mas a anta aqui esqueceu a máquina fotográfica em casa e só me restou a câmera do celular... Dali, segui para a ala dos pintores franceses, e revi as obras Renoir, Monet, Delacroix, Cézanne, etc – como eu já tinha visto anteriormente, pouco tempo passei ali. Passei pela ala onde a Monalisa estava e dei um sorrisinho de canto de boca para ela – como sempre, ela estava muito assediada. Desci para ver a área mais nova do Louvre sobre a arte Islâmica, um espaço com dois andares e três mil metros quadrados que congrega cerca de três mil peças do século VII até XIX - o governo francês, em parceria com os governos de Marrocos, Omã, Arábia Saudita, Azerbaijão e Kuwait, gastou mais de cem milhões de euros para sua criação. A exposição é muito bonita, menor que outras, mas muito interessante. Lá, tomei conhecimento de uma arte que a gente só vê em filmes, novelas e revista de decoração: mosaicos, tapetes, portas e janelas ricamente entalhadas, peças de louça coloridas, adagas e muitos painéis interativos que explicam sua trajetória no mundo. Além disso, há um vaso sírio onde suas inscrições são uma carta de amor que talvez seja a mais antiga do mundo islâmico. Algumas horas depois e já com as pernas cansadas, deixei o Louvre e ai vem a parte mais pitoresca do dia: na saída fui cortejada por um francês que, mesmo sabendo que eu era casada, insistia em me acompanhar e tomar um drink. Educadamente agradeci os elogios e o convite e continuei meu caminho até a saída pensando e rindo que, justamente em meus últimos dias na cidade, acontecia algo assim! Já estava morta de fome quando Jivago me ligou dizendo que a burocracia francesa entrava em cena e que, para cancelar nossa conta no banco, eu deveria ir até lá com nossos passaportes. Putz! Respirei fundo e 1h30 depois cheguei ao banco. Esperamos muitos minutos para o atendimento e, assim que sentamos e expusemos o motivo de estarmos lá, veio a “boa”notícia de que não podíamos encerrar nada naquele momento e que deveríamos fazer a solicitação, adivinhem, por carta (já escrevi um post sobre essa burocracia e suas benditas cartas...). Pôxa, até agora sem almoçar para resolver a “urgência” do banco... “Almojantei” rapidinho em casa, assisti online ao capítulo de Gabriela e saímos com uns amigos que queriam se despedir. Fomos a dois bares em uma ruazinha nas proximidades da Place d’Italie. No primeiro, tudo bem e até tomei uma cervejinha fraca chamada Blanche de Neige. Já no segundo...  Entrei animada porque vi no cardápio externo caipirinha e caipirosca e como música de fundo uma canção cantada por Daniela Mercury (Feijão de Corda). Sentamos. Dos cinco amigos que restaram, apenas Jivago e outro amigo pediram algo para beber. Ai começou a ladainha: o monsieur que nos servia meio que fechou a cara porque o consumo era baixo e em menos de cinco minutos depois ele voltou e, usando de um tom mais arrogante e agressivo, disse que não estávamos em uma biblioteca e sim em um bar e mandou que nos retirássemos. Eu e Jivago acabamos saindo irritados com o insulto e, tanto eu quanto ele, mandamos esse “simpático” senhor para a merda. Ficamos do lado de fora esperando o restante dos nossos amigos enquanto um dos nossos amigos, francês, tentava nos explicar que isso era “normal” - tudo bem que na França sentar em um bar ou restaurante significa consumir, mas existem formas mais polidas de induzir o cliente ao consumo. Outro amigo, como um bom e típico inglês, foi relatar o ocorrido ao proprietário do bar e se queixar da falta de polidez do seu funcionário e ouviu de uma senhora, que estava a beber no bar, que, se o tal funcionário havia sido grosseiro é porque nós devíamos ter feito algo de errado. Inacreditável! Meio que desanimados e temendo que o horário de funcionamento do metrô estivesse terminando (e estava mesmo!), resolvemos voltar para casa. Eu e Jivago entramos na estação e, ao nos depararmos com uma grande (grande mesmo) esteira rolante e com o risco de perdermos o último horário, começamos a correr e, para nossa surpresa, todas as outras pessoas fizeram o mesmo! Rimos muito com isso, mesmo depois do ocorrido no bar porque a cena parecia um flash mob em plena estação de metrô. E o incidente com o tal monsieur simpático me fez ter a certeza de que aquele não era o meu lugar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Despedida - parte I

Jardim de Luxemburgo

Desde que voltei a Paris no mês passado, já sabendo sobre minha volta definitiva, comecei a me despedir dessa cidade. Nos primeiros dias, comecei a fazer todos os passeios e visitas aos lugares que queria e que, por qualquer motivo,  ainda não tinha tido a oportunidade como museus, palácios, lugares fora de Paris... O olhar era nostálgico, mas feliz. Já nos meus últimos dias decidi revisitar meus lugares preferidos. Tracei um roteiro, conforme a geografia e as condições climáticas, e tentei me impor disciplina. Em um desses dias, chovia muito, e resolvi conhecer a rue Moufettard onde acontecia uma famosa feira. Convidei Jivago e fomos. Saltamos na Boulevard Saint-Michel, dei uma olhadinha na Notre Dame e na fonte de Saint-Michel lembrando os tempos de aula de fonética. Enquanto esperávamos a chuva diminuir, tomamos um chocolate quente (aguado) na Starbucks. Seguimos em direção à tal rua, guiados pelo senso de direção, da confiança de um relógio com bússola de Jivago. Resultado: passamos batido pela entrada que daria na rua e fizemos o maior caminho possível na chuva e no frio. Finalmente achamos a rua. Repleta de bares, restaurantes e barraquinhas de feira, a Rue Mouffetard é só sabores. Aproveitamos para matar as saudades da comida árabe e, usando nossos valiosos tickets, compramos algumas esfirras variadas. Andando e comendo, acabamos saindo entre os fundos do Pantheon e nas laterais da Igreja de Saint-Étienne. Descemos a rua e chegamos aos Jardins de Luxemburgo. Mal entramos no outono, mas seus sinais já eram nitidamente lindos – de fato os jardins ainda estavam floridos, mas as cores que predominavam eram o ferrugem e amarelo pálido. Tirei algumas fotos e pegamos a saída do jardim que dava para a nossa sorveteria preferida, a Amorino. Jivago me fez uma surpresa ao pedir um gouffre, uma espécie de waffle francês, acompanhado de sorvete de chocolate e maracujá – mas faltava o meu sabor favorito, o de pistache (Jivago esqueceu...).  Então ele pediu para trocar os sabores, mas o rapaz, apesar de já ter colocado os sorvetes, e percebendo meu olhar desolado, fez a gentileza de colocar um pouquinho do sorvete de pistache... Merci! Seguimos andando pelo Boulevard Montparnasse, entramos na rua Rennes e tive a idéia de ir até a igreja da Medalha Milagrosa para agradecer. Fomos. Fiz minhas orações, me emocionei com minhas lembranças e saímos quando começava uma missa. Depois de alimentar a alma, era hora de alimentar o corpo novamente – e eu estava no lugar certo porque ao lado da igreja há a Le Grand Epicerie de Paris, uma mistura de Perini e Zona Sul numa versão “mais-que-melhorada” com produtos dos mais variados países que vão desde frutas, verduras, carnes, frios, chás, condimentos, especiarias, azeites, vinagres balsâmicos, mostardas, chocolates e bebidas, até produtos de luxo da gastronomia como trufas negras e brancas, foie gras e, claro, caviar. Comprei algumas coisas, nada à la Festa de Babette, mas não resisti. Alguns euros mais pobre, voltamos para casa porque à noite tínhamos um encontro em um bistrô no Marais com um casal de amigos de Salvador que estava na cidade. Continuava a chover, mas a noite foi muito agradável e nada melhor que tomar um beaujolais e falar português com os amigos – tenho sentido falta disso. Quase meia noite, aceleramos o passo rumo à estação de metrô. E no caminho, mais despedidas: dessa vez da Torre Saint-Jacques e do Hôtel de Ville.

domingo, 14 de outubro de 2012

Segundo contato com Rodin

O Pensador
De todos os museus que listei para visitar, o Musée Rodin era o único que faltava. Lembro que tomei conhecimento sobre a existência e obra desse famoso escultor francês ainda no primeiro ou segundo ano da faculdade através de uma querida professora de Estética e Comunicação que nos indicou a visitar a exposição do artista no Museu de Arte da Bahia. Até então, nunca tinha ido a uma exposição de esculturas e o mais próximo que eu havia chegado disso era o grande monumento em homenagem ao 2 de Julho na praça do Campo Grande, bairro em que morei por mais de 15 anos. Lembro ainda que sai encantada da tal exposição, não só por estar debutando nesse tipo de evento, como por poder ter tido acesso a um artista tão renomado e referência para as artes. Muitos anos depois, e sem nunca ter imaginado essa possibilidade, vim me parar em Paris - cidade em que Auguste Rodin viveu, morou e produziu. Idealizado pelo próprio artista, o museu foi fundado 1916 e aberto ao público três anos depois, em 1919, graças às sucessivas e generosas doações realizadas pelo artista ao Estado. O local onde atualmente funciona o museu também era sua antiga residência na cidade, desde 1908. O Musée Rodin é relativamente pequeno, mas importantes obras do artista, espalhadas em suas salas e nos jardins, compensam - e é possível apenas aproveitá-los para relaxar, pagando apena 1 euro. Chegando lá, entrei logo nas pequenas salas destinadas às exposições temporárias. De lá, fui aproveitar o jardim, de onde se pode apreciar a linda cúpula do Des Invalides e a Torre Eiffel e onde, para mim, estão as obras mais famosas como O Pensador, Porta do Inferno e Os Burgueses de Calais. Ali, vários e espalhados estudantes de arte a desenhar suas obras preferidas. Atravessei todo o jardim, onde também há um café/ restaurante, tirei mais algumas fotos e descobri que havia esquecido o cartão de memória da máquina no computador - ou seja, só me restavam oitos fotos! 
Entrei no museu propriamente dito, um pequeno château chamado Hôtel Biron,e mais obras em bronze, moldes e outros objetos que Rodin também fazia, como alguns vasos decorativos - a obra O Beijo, estava em restauração e por isso, não estava exposta. Além disso, algumas pinturas de Van Gogh, Renoir e Monet e obras da própria Camille Claudel - outra genial escultora que foi aluna de Rodin e, mais tarde, sua colaboradora e amante. Dizem, as más/ boas línguas, que algumas de suas obras foram copiadas por ele... Findada meu estoque de fotos e terminada minha visita, fui, como de costume, dar uma olhada na boutique do museu - que, para mim, salvo a do Pompidou, era a que tinha mais produtos diferenciados em relação às outras dos outros museus. Não comprei nada porque, para variar, o que eu queria estava fora de minhas posses de estudante, mas deixa pra lá!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Vale do Loire

Cidade de Amboise
No último final de semana visitamos o Vale do Loire, a linda região que fica há quase 250km de Paris e é famosa pelo vinho e por concentrar mais de trezentos castelos e palacetes. Escolhi a cidade de Blois para ficarmos hospedados uma noite já que é central e a hospedagem é um pouco mais barata que as badaladas cidades de Tours e Amboise. Acordamos super cedo para pegarmos o trem de 7h38 na Gare d'Austerlitz e, por conta de um pequeno erro de cálculo, entramos no trem faltando apenas dois minutos para sua partida... Adrenalina... Diferentemente da viagem a Rennes, onde pude apreciar e fotografar a paisagem, desta vez o sono falou muito mais alto. Quase 1h30 depois, estávamos em Blois. Seguimos a pé da estação até um pequeno hotel onde pegaríamos o carro que alugamos já que tratava-se de um dia de domingo e a locadora não funcionava (na França, mesmo em uma região tão turística como essa, há coisas desse tipo!). Nisso, avistamos um casal em frente ao ponto de táxi da estação de trem que aparentava estar precisando de informação - eles, americanos, procuravam por um táxi para fazer o tour de um dia pelos castelos do Vale e, acreditem, não havia nenhum - provavelmente porque era domingo! Seguimos. Burocracias efetuadas, entramos no carro e, enquanto eu fazia minha maquiagem, Jivago tentava ligá-lo sem sucesso - ele procurava algum botão no painel, batia a chave algumas vezes, achou que o carro não ligava porque estávamos sem o cinto de segurança (colocamos o cinto e nada!), até que eu pedi que ele fosse perguntar como ligava o bendito carro. Maquiagem terminada, Jivago voltou dizendo que tinha que apertar a embreagem para o carro ligar - e não é que deu certo?! Cai na risada com tanta "tabaroice"! E olhe que era um corsa, imagine se fosse um carro de luxo! Dali, resolvemos passar na estação do trem para oferecer carona ao casal americano, mas eles já não estavam mais por lá. Ligamos nosso GPS pirata, cujo sistema de navegação se chama Jackson Software, e seguimos em direção ao primeiro castelo selecionado, o château de Chambord.
Castelo de Chambord
Logo de cara fiquei encantada com a grandeza e a beleza do lugar... O castelo, idealizado pelo rei Francisco I e finalizado por Henrique II e Luís XI, serviria como um retiro de caça e, por conta disso, há algumas salas onde se pode ver cabeças e chifres dos animais caçados. Depois de percorrer todo o castelo visitando lidas salas e os fabulosos quartos reais, e de ficarmos um longo tempo na parte mais alta do castelo admirando a paisagem, resolvemos vê-lo de outras perspectivas. Então, descemos a escada central, entramos na boutique e Jivago resolveu comprar uma cerveja "real" - eu que não sou muito chegada na cevada, até que gostei dessa porque senti um leve toque de mangaba (não sei se é saudade, mas juro que senti esse gosto na dita cuja!). Tomando a cervejinha real, andamos ao redor do castelo e é lindo! Paisagem que a gente não cansa de ver! Tirei mais algumas fotos e no caminho para o estacionamento (que custa 3 euros) paramos em uma banquinha de pães e fizemos a festa já que só íamos "almojantar" mais tarde. Seguimos para o château de Chenonceau. No meio do caminho, muitos vilarejos bonitinhos, muitas caves para degustar vinhos e fromageries para experimentar queijos, algumas plantações de grãos e nenhum sinal de gente - era domingo e eu ficava imaginando aonde todas aquelas pessoas tinham ido porque as cidades pareciam as vilas do Velho Oeste de tão vazias! Nosso GPS pirata não deixou por menos e, certeiramente, chegamos a Chenonceau, o castelo das damas.
Castelo de Chenonceau
Menor e diferentemente da atmosfera viril e masculina de Chambord esse château tem seu charme porque foi construído sobre o rio Cher e é, nitidamente, mais feminino pela sua decoração (repleto de arranjos perfumados em cada cômodo) e pelos seus jardins floridos. O castelo foi oferecido pelo rei Henrique II à Diane de Poitiers, sua amante e, após a morte do monarca, sua esposa, a rainha Catarina de Médicis, tomou para si o château, sendo seu lugar preferido. Durante a primeira guerra mundial, o castelo tornou-se uma espécie de hospital, abrigando os feridos. Além dos quartos maravilhosos, pode-se visitar a cozinha toda equipada e que nos dá uma noção de como era cozinhar naquela época (prefiro as cozinhas de hoje!). Seguimos para os jardins, depois para o labirinto (pequeno e sem graça) e depois para a Fazenda, do século XVI, onde estão situadas ricas e enormes hortas que cultivam as flores que adornam os cômodos do castelo. E como eu adoro horta, passei um tempinho por ali vendo os "pés" de frutas e verduras - achei até Phisalys, uma frutinha bem ácida que é típica da Amazônia e eu adoro - e como boa "brasileira" pedi para Jivago catar uma para mim... Pegamos o carro e resolvemos conhecer as cidades de Tours e Amboise - a primeira é bem grande e bonita, já a segunda, é um pouco menor e mais charmosa.    
Jardins de Villandry
Apenas passamos por ambas e seguimos para o château de Villandry - como chegamos após as 18h, só podemos visitar os jardins. Mas valeu muito porque, diferentemente dos demais castelos, nos jardins de Villandry são cultivadas frutas, verduras, vegetais, ervas... Me surpreendi com os canteiros de abóboras, repolhos, aipos... Lindos e perfumados! Mais acima, um enorme parreiral repleto de uvas verdes e vermelhas - e é impossível não ceder à tentação de comê-las. Me acabei! Passava das 20h quando resolvemos retornar a Blois para irmos para o hotel. Entramos no carro, ligamos o rádio e, para nossa surpresa, tocava Tim Maia. O programa era dedicado à música brasileira - tocando, em seguida, Ed Motta e, pasmem, Crioulo! Programinha antenado! No caminho de volta, já anoitecendo, fomos agraciados como uma imensa e linda lua cheia sob o rio Loire! Que presente! Chegamos no hotel mortos. Jivago fez o check-in e seguimos para "almojantar" em um restaurante próximo dali, indicado pelo rapaz do hotel. Eu, claro, escolhi pato - que atualmente, para meu paladar carnívoro, só perde para uma boa picanha! O restaurante era bom, mas nem se compara ao que conhecemos em Rennes durante nossa visita ao Monte Saint-Michel. Pagamos nossa conta com ticket (claro!) e eu apaguei de cansaço.
Blois
Segundo e último dia, comecei a ficar gripada... Tomei um café da manhã bem reforçado e fomos conhecer a cidade onde estávamos hospedados, Blois. Cidade pequena, antiga e local de importantes fatos históricos: chegou a ser a capital da França durante o reinado de Luís XII e também  foi o local onde Joana d'Arc juntou o exército para libertar a cidade de Orleans. Durante a Segunda Guerra, Blois foi quase que arrasada - é possível ver algumas fotos e monumentos espalhados pela cidade lembrando esse acontecido. Ela também abriga um palacete o Château Royal de Blois e a Maison de la Magie - onde há espetáculos de mágica, um museu sobre a magia e sobre a vida e obra do famoso ilusionista Robert Houdin, nascido em Blois. Depois de já ter visto dois lindos castelos no dia anterior, não tive vontade em entrar no Château Royal de Blois. Passei pela sua fachada, segui andando até a Maison de la Magie que, infelizmente, estava fechada. Desci as escadarias caminnhei pelas ruelas e subi outras em direção à Catedral de São Luís - que se chamava Catedral de Saint-Solenne, mas recebeu esse novo nome graças a Luís XIV que custeou sua reforma e restauração (ele estava em todas!). Adentramos nos jardins que ficam ao seu redor e retornamos. Observei que o comércio estava fechado em plena segunda-feira! O comércio da região funciona de terça a sábado, fechando aos domingos e segundas - e olhe que é uma região altamente turística... Vai entender! 
Catedral de Orleans
Pegamos o carro em direção a Orleans, outra importante e muito antiga cidade da região. Fundada pelos gauleses, Orleans ficou mais conhecida, principalmente, durante a Guerra dos Cem Anos em que Joana d'Arc reconquistou a cidade. Programamos Jackson, o GPS, para nos levar até o centro da cidade e ao chegarmos, nos deparamos com uma imensa catedral no estilo gótico. Estacionamos o carro e entramos. Ela era Enorme! No centro do altar, a imagem de Joana d'Arc e nas laterais da catedral, havia alguns vitrais que contavam sua história. A justificativa para tanta dedicação a ela estava no panfleto informativo, que peguei na entrada da igreja, que dizia que Joana d'Arc havia estado lá no dia 8 de maio 1429 para rezar - e, por conta disso, todos os anos, há mais de cinco séculos, neste mesmo dia, há uma procissão/ cortejo relembrando o gesto da santa. A partir dali, percebi o quanto ela é venerada na cidade e entendi o porque dela ser chamada de "a donzela de Orleans". Fiquei mais instigada a caminhar por ali. À direita da catedral há um prédio meio mouro, o Hôtel  Groslot, que era a antiga prefeitura da cidade. A visita é gratuita e vale conhecer. Descemos a rua da catedral até a praça De Gaulle, onde está localizada a casa de Joana d'Arc - na verdade ela ficou hospedada nesta casa durante sua estada em Orleans, que tinha o objetivo de "recrutar" soldados para a batalha de libertação da cidade do domínio inglês. Atualmente o lugar, que pertencia a Jacques Boucher, tesoureiro do Duque de Orleans, funciona como um mini-museu que conta a história da santa guerreira. Infelizmente a casa estava fechada para a visitação naquele horário e, como nosso tempo era curto, continuamos andando. Algum tempo depois, a fome começou a apertar. Resolvemos pegar o carro de volta e achar um restaurante que aceitasse nossos tickets. Todos os que víamos, independente de aceitarem ou não tickets, estavam fechados! Acho que, assim como em Blois, o comércio só funciona de terça a sábado! 
Monumento em homenagem a Joana d'Arc
Resultado: pegamos a auto-estrada e só fomos almoçar na Subway de Blois, a cidade em que estávamos hospedados! E eu preciso falar sobre a auto-estrada... Elas são excelentes, tem limite de velocidade de 130km/h, são "pedagiadas" mas há duas grandes diferenças em relação ao que vemos no Brasil: há, obrigatoriamente, estradas alternativas para quem não deseja pagar o pedágio, paga-se apenas a ida e esse pagamento é proporcional à quantidade de quilômetros rodados dentro delas... Genial! Já na Subway de Blois, tentávamos ser atendidos, mas o único atendente, que também era o proprietário, parecia dar mais importância em retirar do chão os galhos da árvore que ele acabara de podar do que de vender sanduíches. Só alguns minutos depois, fomos atendidos. Sentamos para comer e, novamente, o senhor saiu para resolver a questão dos galhos da árvore - nesse ínterim, mais 2 ou 3 pessoas entraram e tentaram ser atendidas em vão. De barriga cheia, fomos até o posto encher o tanque do carro para devolvê-lo e lá, mais um aperto: os postos de gasolina da França não tem frentistas, o esquema é self-service. Com medo de fazer besteira e incendiarmos o posto, lemos as poucas instruções e observamos uma senhora centenária fazer tudo. Ai Jivas tomou a frente e deu tudo certo - fora o cheiro de gasolina na mão, claro. Devolvemos o carro e seguimos para a estação de trem. Como nosso trem tinha uma escala em Orleans, conseguimos antecipar um pouco nossa ida. Porém, em Orleans, tivemos que esperar por 1h o trem com destino a Paris. Como eu estava meio gripada, Jivago saiu para dar uma olhada nas redondezas e voltou com a ideia de passarmos o tempo no quentinho de um restaurante japonês que ficava do outro lado da esquina. E, como havia sobrado verba, fomos. Lá, para a nossa surpresa, a dona do restaurante, super simpática, nos perguntou se éramos brasileiros e começou a falar em português conosco - ela é japonesa, mas fala português porque tem outros dois restaurantes, um em Portugal e outro na Ilha da Madeira. Ah, muito bom isso! Se alguém for a Orleans, recomendo o restaurante japonês Saka, que fica bem em frente à estação de trem. Menos de 1h30 depois já estávamos em Paris de volta ao nosso petit château (cafofo) que em nada lembrava a grandiosidade dos castelos do Vale do Loire, salvo a casinha do serviçal... Risos...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Percorrendo Versailles

Depois de adiar por tanto tempo minha visita a Versailles, pelos mais variados motivos e desculpas, finalmente chegou o dia de conhecer a monarquia francesa de que tanto minha amiga Flávia, vulgo Flávia XIV (em homenagem ao Rei Sol), falava nos tempos da faculdade. Um dos motivos para eu ter protelado a visita foi o fator clima porque eu sempre ouvi as pessoas falarem maravilhas dos jardins e do quanto era divertido fazer um pique-nique por lá - sempre olhando sites meteorológicos, esperei por um dia de sol. Comprei antecipadamente os ingressos no site do próprio château - pacote completo que engloba os jardins, o Palácio de Versailles, além do Petit e Grand Trianon. Dia de sol, acordamos cedo, passamos no mercado para comprar nosso lanche/ pique-nique (sim, porque é muito caro lanchar por lá) e seguimos em direção à estação do RER C que nos levaria até o château. Na estação, comprei meu bilhete de ida e, para evitar fila, comprei também o de volta. Em torno de meia hora já estávamos lá. Andamos mais uns 10 minutos da estação até o palácio e, de longe já avistava um fila para entrar, porém, ela andava em uma velocidade até rápida. Entramos e já fui logo pegar meu mapa - para minha surpresa, havia versão em português (de Portugal, mas tudo bem!) e descobri que podia ter acesso ao aparelho de audiogruia gratuitamente na versão português (com sotaque de Portugal, mas...). E eu achando 18,00 caro... 
Sala dos Espelhos
Logo no começo um aglomerado perturbador de gente se espremendo para ver e fotografar a capela real. Sai correndo dali, adentrei na primeira sala e, para meu desespero, a "muvuca" continuava - tudo bem que sou de Salvador e que já deveria estar acostumada com aglomeração de pessoas por conta do carnaval, mas meio que fiquei zonza e achei que não ia poder aproveitar e admirar tudo aquilo no meu tempo e sim no tempo das fotos do outros. E nisso, comecei a achar os asiáticos um porre - sim, porque eles fotografam tudo, andam em bando, a gente não entende nada do que elas falam e ainda por cima não podem ver uma etiqueta com preço que eles saem comprando (isso foi um pouco de inveja, confesso). Mas, Jivago vendo a minha cara, me "conformou" dizendo: "relaxe porque vai ser assim o tempo todo". Bom, diante disso, e sem querer acabar com o meu passeio, fingi que estava em pleno carnaval de Salvador e vesti meu "abadá". O Palácio de Versailles, considerado o maior da Europa, começou a ser construído por volta de 1624 com Luis XIII, porém era uma estrutura simples e pequena. Foi com Luís XIV, o Rei Sol, que o palácio foi ampliado e adornado já que ali seria o centro da corte. Durante os reinados de Luis XV e Luis XVI, Versailles passa por uma renovação e é transformado em museu após a Revolução - período em que foi destituído o regime absolutista. Sem dúvida todas as salas, salões e quartos abertos à visitação são ricamente decoradas e nos dá uma ideia do luxo e da opulência da época. Os quartos do rei e da rainha são magníficos mas, a famosa Sala dos Espelhos é a parte mais deslumbrante. Fiquei encantada! 
O Laranjal
Depois de percorrer todo o castelo, descemos para explorar os jardins. A simetria e a grandiosidade me chamaram a tenção e, infelizmente, as fontes d'água estavam desligadas... Uma pena! Os jardins podem ser percorridos de diversas formas como, por exemplo, de bicicleta ou mesmo de carrinho de golfe (o aluguel custa 30,0 por 1h). Como a grana estava curta, usei minhas pernocas e demoramos umas 3h entre caminhadas, paradas e contempladas. As partes mais conhecidas são aquelas que ficam mais próximas ao château como o laranjal (localizado à esquerda do castelo), a bacia de Neptuno (localizado à direita), o grande canal e, claro, os inúmeros bosques repletos de fontes. Contudo, A Vila da Rainha é especial porque é uma espécie de fazenda-vila medieval com arquitetura rústica, construída a pedido de Maria Antonieta, que atualmente funciona como uma espécie de "fazenda pedagógica" com animais e que recebe grupos escolares. É um outro mundo dentro de Versailles. E como o nosso ingresso dava acesso às outras construções, visitamos o Grand Trianon, construído para servir como um "refúgio" da corte para a família real e que também serviu de abrigo para os amores do rei Luis XIV. O palacete tem seu charme e uma bela decoração com lindos aposentos. Para mim, vale pagar um pouco mais no ingresso e conhecê-lo. 

O Petit Trianon
Próximo dali está o Petit Trianon, também construído por Maria Antonieta e local onde ela passava boa parte do seu tempo já que ali a rainha dispunha de privacidade - nem o rei entrava em seus domínios sem sua autorização. Nos jardins, em estilo inglês, há um lindo teatro, um "pavilhão francês" (espaço utilizado para festas mais íntimas) e o templo do amor - disse Jivago que para dar sorte os casais devem dar um beijo sob o olhar da estátua de Cupido, então, por via das dúvidas, cumprimos a tradição! Os chamados "Domínios de Maria Antonieta" tem uma atmosfera romântica, como bem descreve o filme de Sofia Coppola e vale muito se perder por esses lugares tentando imaginar a época... Algumas horas depois, e já com dores nas pernas, resolvemos finalizar a exploração indo até as escadarias do famoso laranjal do jardim. Perdemos alguns minutos por ali, só admirando a paisagem. Depois, decididos a voltar para casa por conta da gripe de Jivago, passei na boutique do palácio (nada comprei) e seguimos para a estação do RER, onde já havia um fila considerável para comprar o bilhete de volta - como eu já havia comprado, só tive que aturar o mal humor de um francês que bufava enquanto eu tentava introduzir meu bilhete na catraca. A visita é muito prazerosa para quem está disposto a caminhar porque é um passeio que leva o dia inteiro, se quiser sair de lá e dizer que conheceu Versailles, claro. Então, para mergulhar nesse universo luxuoso da monarquia francesa e do absolutismo de Luís XIV, nada melhor que um bom kit plebeu: sapato confortável, água, lanche, paciência para disputar fotos e tranquilidade para admirar cada canto desse lindo lugar.








quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A fabulosa relação entre o Musée de l'Orangerie e o outono

Semana passada visitei o pequeno Musée de l'Orangerie, um espaço localizado no Jardin des Tuillerie e muito próximo aos museus LouvreOrsay.  Eu confesso que desconhecia sua existência até o dia em que visitei o Musée d'Orsay e vi na bilheteria a venda casada de ingressos para os dois lugares. Nesse dia, estava com uma conhecida colombiana que falou maravilhas sobre ele. Mas, como naquele dia o tempo andava curto, deixei a visita ao l'Orangerie para outro dia. Chegado o dia, tomei o metrô, saltei na estação Solferino (linha 12), passei pelo Orsay, caminhei até a margem do Sena, atravessei uma das pontes (já com alguns cadeados dos enamorados), entrei no Tuilleries e lá cheguei. Logo na entrada, uma estátua de Rodin e, logo de cara, me assustei com o pequeno tamanho do museu - e eu que andei quase que correndo com medo de que eu não tivesse tempo suficiente para visitar totalmente o museu, relaxei e pensei que em 1h eu matava o espaço. Lá dentro, as primeiras salas visitadas foram às do piso superior dedicadas às Ninfeias - grandes painéis pintados por Claude Monet, cuja inspiração das obras estava nos jardins de sua morada em Giverny. Fiquei algum tempinho por ali, mas nada muito emocionante. Desci para a segunda parte do museu e cheguei às salas que continham a famosa coleção do famoso marchand Walter Guillaume, repleta de obras de Cézanne, Renoir, Modigliani, Matisse, Picasso... Obras bonitas e valiosas, mas nada que me tocasse como já aconteceu em outros museus. Porém, algo me saltou aos olhos quando visitei a sala dedicada a Guillaume, uma manchete de jornal antiga sobre a viúva desse colecionador que dizia "Le Fabuleux Destin de Mme Walter" - acho que descobri a inspiração do diretor de Amélie Poulain! Risadas à parte, dei uma olhadinha na boutique, foliei uns catálogos e fui embora. A visita me deixou um pouco frustrada e achando que faltava algo no museu. Dai resolvi andar pelo Jardim des Tuillerie, fotografando a vida que acontecia. Cruzei o Louvre, caminhei pela rua Rivoli, olhei algumas vitrines, entrei em algumas lojas e entrei na estação de metrô rumo ao cafofo. Passeio pálido como o outono, que já anuncia sua chegada.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Paris e a arte moderna - Le Pompidou

Segunda-feira. Dia dedicado à Arte Moderna. Destino? Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou. Inaugurado em 1977, a partir da iniciativa do presidente Georges Pompidou, o centro congrega, além do museu de arte moderna e contemporânea, bibliotecas, galerias, salas de cinema, livraria, boutique, cafés e restaurantes e espaços para a realização de conferências, espetáculos de dança, teatro e música e ainda oferece bolsa de estudos. Inacreditável! O Pompidou está localizado bem no coração de Paris e seu prédio, projetado por Renzo Piano e Richard Rogers, é extremamente moderno e interessante por ter sua estrutura aparente, distando, e muito, da arquitetura clássica da cidade. E ao seu redor, lindas lojinhas de designer e arte, bares e restaurantes interessantes e, claro, artistas. Cheguei no final da tarde já que o centro funciona, normalmente, até às 21h. No pátio externo ainda havia uma razoável quantidade de jovens "lagartixando" (leia-se, aproveitando o sol), artistas se apresentando e vendedores de artesanato expondo seus produtos em lonas sobre o chão (aqui também já chegou o maldito artesanato de durepox!). Ao entrar para comprar meu ingresso pude ter noção da grandiosidade daquele lugar - um gigantesco saguão com loja, livraria, café... Peguei meu mapa de informações e subi as escadas rolantes até o mezanino. Lá, havia um espaço dedicado às crianças e adolescentes - uma espécie de pequena galeria com o objetivo de promover a sensibilização e experiências artísticas nesse público. Bacana! Em Brasília, cheguei a trabalhar em um espaço cultural que também dispunha dessa iniciativa mas, as mazelas internas que beiravam o manicômio (e que dispensa qualquer comentário) impediam seu pleno andamento... Arrepios à parte por conta dessa última lembrança candanga, peguei mais uma escada rolante, só que dessa vez localizada na parte exterior do prédio, em direção ao museu. 

Obra de Andy Warhol
Cheguei à área destinada às coleções contemporâneas (de 1960 aos dias atuais) e de cara uma obra de Andy Warhol sobre Elizabeth Taylor. Conceitos interessantes, linguagens diferentes, obras que eu me perguntava o que faziam ali e seus significados. Finalizei aquele andar. E, ao subir para outra galeria, descobri dois lugares: um espaço reservado para coleções das novas mídias e filmes (uma sala com vários computadores onde o visitante pode acessar essa nova forma de fazer arte) e outro espaço ao lado, o Salão do Visitante, que oferecia documentos, catálogos e materiais pedagógicos. Achei genial! E, perto das escadas, um lugarzinho dedicado às imagens táteis. Já no nível dedicado à arte moderna (de 1905 a 1960) dei de cara com três grandes painéis azuis de Miró (intituladas Bleus) - eu, particularmente, não gosto desse artista catalão, mas reconheço sua ousadia em fazer desenhos de criança no início do século passado. A partir dali, uma viagem cronológica sobre a história da arte moderna, seus movimentos (fauvismo, cubismo, abstracionismo, surrealismo...) e seus ilustres representantes: Magnelli, Picasso, Kandinsky, Kupka, Dalí, Miró, Duchamp, Pollok, Gorky, Chagall... Aliás, descobri Chagall - eu já conhecia algumas poucas coisas, mas foi ao ver a obra Les mariès de la tour Eiffel que eu me encantei. Linda obra, linda.
Les mariès de la tour Eiffel
E em meio à apreciação de tantas obras (muitas, de fato, nada me diziam) a mais linda era aquela que se desenhava através das paredes de vidro do museu: a cidade. O Pompidou oferece uma vista maravilhosa da cidade e de onde podemos avistar a Torre Eiffel e a Sacre Coeur, por exemplo. Enfim, subi para o último andar, onde há um caro restaurante, um espaço para eventos e outra galeria onde acontecia a exposição do artista alemão Gerhard Richter, um dos mais renomados da contemporaneidade. Mas eu, não sei bem se porque os olhos já estavam cansados, não tive paciência para analisar as obras - me dei por satisfeita em olhá-las de forma descompromissada e preferi fotografar a vista da cidade e admirar os terraços floridos que o fim de verão ainda oferece. Mas eu gostei do que vi desse artista alemão. Ele terá nova chance comigo. Enfim, cansada, desci para a boutique a fim de comprar a gravura em tamanho real da obra de Chagall que eu me apaixonei. Catei, catei, catei e nada! Todas estavam lá, menos a que eu queria. Resolvi perguntar a um vendedor se, por um acaso, não haveria essa gravura no estoque porque ali embaixo eu não havia localizado. O senhor, usando de toda a gentileza que é peculiar aos franceses (ironia) respondeu secamente que se eu não havia visto ali é porque não tinha - lembrei daquele personagem do Zorra Total que dizia o bordão "tolerância zero". Talvez ele tenha inspirado o ator brasileiro... 

Sai do Pompidou, atravessei seu pátio externo e entrei nas lojinhas de arte e design que ficam em seu entorno para catar a tal da gravura. Nada também. Desapontada, comprei uma água e fui caminhar mais um pouco. Atravessei o Hôtel de Ville, umas das pontes sobre o Senna, tirei algumas fotos do entardecer e peguei o metrô de volta ao cafofo. No caminho eu refiz meu "projeto terceira idade": além de florista, quero estudar história da arte. Jivago, claro, riu dessa minha volatilidade - ontem queria ser florista e hoje estudiosa da arte. Eu também ri, mas uma coisa não exclui a outra, não é mesmo?







terça-feira, 18 de setembro de 2012

Petit Tour: Saint-Chapelle, Conciergerie, Hôtel-Dieu, Torre Saint-Jacques, sorvete e sushi!

Durante o terceiro final de semana de setembro comemora-se o dia do patrimônio francês e, sendo assim, todos os prédios públicos, que normalmente estão fechados para visitação, abrem suas portas. Melhor que isso, só sendo de graça. E é! Mas, como sábado foi um dia de "preguicite aguda", aproveitei o domingo (sei que é imperdoável, mas dá licença da pessoa aqui querer ficar pregada em seu cafofo?). Escolhi visitar a Saint-Chapelle. Como desci na estação Cité, resolvi dar uma voltinha na feirinha de plantas e animais que acontece ali todos os domingos. Muito linda. Perdi alguns minutos admirando as lindas flores que nunca havia visto antes - acho que quando ficar velhinha vou querer ser florista. Então segui para a fila da Saint-Chapelle e, em poucos minutos, já estávamos, eu e Jivas, conversando sobre política européia com um casal de brasileiros - como eu sinto falta dessa "intimidade"que o brasileiro tem em puxar assunto com quem nunca viu na vida! Nunca espere isso de um francês...


Passados alguns minutos, já estávamos adentrando na Santa Capela. A igreja foi construída entre os anos de 1242 e 1248, segundo a vontade do rei Luís IX (que se tornaria São Luis) para abrigar as relíquias da Paixão de Cristo, entre elas, a Coroa de Espinhos e parte da cruz carregada por Jesus - a Vera Cruz. A intensão em adquirir esses tesouros religiosos era aumentar o prestígio da França e tornar Paris a "Nova Jerusalém" aos olhos da Europa Medieval. Reza a lenda que o valor dessas aquisições ultrapassou, em muito, o próprio custo da construção da Saint-Chapelle. Após a Revolução, algumas dessas relíquias foram guardadas na Notre-Dame. O que torna essa igreja tão diferente e tão especial são seus lindíssimos e enormes 15 vitrais, que contam a história da humanidade - da Gênesis à Ressurreição de Cristo. Incansáveis de se admirar. Para aqueles que acham que visitar a Notre-Dame e a Sacre Coeur já é o suficiente, estão perdendo as belezas da Saint-Chapelle




Ainda na companhia do casal brasileiro que conhecemos durante a fila, demos alguns passos em direção ao Hôtel de Ville, a fim de explicar-lhes as coordenadas para o Centro Cultural Pompidou. Ali, outra grata surpresa: o L'horloge, um antigo relógio da cidade que está localizado no prédio da Conciergerie, totalmente restaurado. Também muito lindo! Dadas as devidas informações ao casal, era hora de tomar um sorvete na Amorino, para mim, o melhor da cidade!




Mas no caminho, visitamos o Hôtel-Dieu, primeiro hospital de Paris. Muito bonito e, em seu jardim, havia um pequeno piano onde estava escrito (toque-me, eu sou seu). Achei aquilo o máximo! De ousada sentei e arranhei um "do-ré-mi-fá". Já na sorveteria, é claro que a fila era enorme já que o dia estava como um dia de janeiro na Bahia mas, valeu a pena esperar. Sorvete nas mãos, fomos caminhar pela cidade. 




Atravessamos o Hôtel de Ville, caminhamos pela rua Rivoli até chegarmos às Torre Saint-Jacques - parte de uma igreja destruída durante a Revolução Francesa e que era o ponto de partida para os peregrinos que desejavam chegar a Saint Jacques de Compostella. E para finalizar o dia, nada como passar no japonês perto de casa, comer um pouquinho e pagar com ticket-refeição, claro!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Musée de Cluny - Museu Nacional da Idade Média

Ontem recomecei minhas explorações pela Cidade Luz, mas agora correndo contra o tempo porque dentro em pouco estarei de volta ao Brasil. Como adoro listas, já fiz uma com todos os lugares que ainda não conheci. E, é claro que, em se tratando de uma cidade como Paris, sempre tem uma novidade! O destino escolhido foi o Musée de Cluny. Fundado em 1843 e instalado em dois históricos edifícios de Paris, como as Termas Galo-Romanas e o antigo Hotel de Cluny (residência da abadia de Cluny), o museu é um espaço dedicado à arte medieval e detém um acervo lindo, rico e variado.
Minha visita começou pelos seus jardins, nada comparável aos de Luxemburgo, mas aconchegante. Segui para comprar meu ingresso, guardei meu casaco na chapelaria e adentrei séculos atrás. Vitrais, esculturas, tapeçarias, pinturas, objetos sacros, jóias, armas, ferramentas e tudo aquilo que podemos ver em filmes e nos livros de escola. Confesso que, apesar desse grande acervo e do meu entusiasmo em me deparar com coisas tão antigas, nada me encheu muitos os olhos - não sei se porque eu já havia visto muito da era medieval em minhas andanças ou se não me identifico com essa parte da história.
Mas, posso dizer que tudo mudou quando adentrei nas áreas destinadas à era romana (sim, Paris também foi dominada pelos romanos!), da época em que a cidade ainda era chamada de Lutércia. Nossa, eu fiquei fascinada em poder admirar objetos, estátuas e partes de construções datadas de, por exemplo, 14 e 37 D.C - isso quer dizer que elas existem há quase dois mil anos!!!!. As Termas Galo-Romanas, do século I, também são algo espetacular. De fato, elas não mais existem, o que há são as ruínas desse lugar, mas bem preservadas. Esse sítio arqueológico romano é o único vestígio da antiga Paris. O Musée de Cluny pode não ser, ao meu ver, um daqueles lugares obrigatórios para se visitar na cidade, mas tem seu valor e é indispensável para se conhecer mais sobre como a Lutércia se transformou nessa linda Paris.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mont Saint-Michel e realização de um sonho

Depois de uma longa pausa por conta de férias no Brasil e de volta a Paris, é hora de circular! O destino escolhido foi o tão sonhado Mont Sanit-Michel, situado na região da Normandia - digo tão sonhado porque sempre tive loucura para visitar esse lugar, que para mim é mágico, e era a minha prioridade ao chegar na França. Há algumas formas de chegar, mas nós preferimos pegar um TGV até a cidade de Rennes (2h de viagem) e de lá, um ônibus até Pontorson, cidade onde está localizado o Monte (o trajeto dura 1h). Os dois percursos são muito bonitos e repletos de paisagens bucólicas: campos cultivados de grãos, moinhos, pequenas cidades e muitos cataventos para a geração de energia eólica. Mas antes de chegarmos ao Monte, dormimos em um hotel super simples em Rennes e por isso deu para ter um jantar típico francês em um restaurante maravilhoso indicado no Guia Michelin 2012, o Le Galopin. Iniciei os trabalhos com uma entrada, nage de coquillages et crevettes roses au curry de Bengale (uma maravilhosa sopa de frutos do mar ao molho de curry), segui com o prato principal, magret de canard émincé aux cerises (um sensacional pato ao molho de cerejas) e finalizei com o tradicional créme brulée. Jivago preferiu ostras frescas como entrada, leitãozinho como prato e uma torta de maçã de sobremesa - tradição da região da bretanha. A digestão de tanta iguaria ficou por conta de uma caminhada pelas ruas da cidade, muito bonita e charmosa. Acordamos cedo para pegarmos o ônibus e, em pouco mais de uma hora, surgia uma das coisas mais lindas que já pude ver:  Le Mont Saint-Michel. E desde que desci do ônibus até entrar em seus domínios, eu era só arrepios. Não sei bem o motivo, mas sentia algo diferente naquele lugar... E tiradas as primeiras fotos, era hora de explorar.


Tombado pela Unesco como patrimônio mundial, o santuário começou a ser construído em 708 D.C (isso mesmo!) em homenagem a São Miguel - e por isso, há uma linda e imponente estátua dourada do arcanjo no topo da abadia. No século X, com a chegada dos monges beneditinos à abadia, uma pequena vila foi sendo formada aos pés do monte e, assim, começou a ser povoado. O Mont Saint-Michel serviu ainda de fortaleza durante a  Guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra) e por isso é considerado um dos símbolos da identidade francesa já que jamais conseguiu ser tomado pelos ingleses. Alguns historiadores afirmam que as visões de Joana D'Arc do arcanjo São Miguel apelando para que os franceses expulsassem os ingleses das terras Francas são atribuídas às histórias heroicas de defesa do Mont Saint-Michel durante um massivo ataque inglês em 1424. No século XVI, o monte serviu como prisão. Os detalhes da história desse patrimônio mundial podem ser conferidos nos pequenos quatro museus que o monte abriga - particularmente só indico a visitação do Museu Histórico porque oferece uma visão mais geral. Além dos museus, há a simples, mas linda Abadia (localizada no topo do monte), casinhas de pedra, restaurantes e lojinhas atraentes que abrigam os mais variados souvenirs - tapeçarias medievais, semi-jóias, porcelanas, gravuras, livros e tudo mais que todo turista adora comprar!

Depois de muito caminhar pelas ruelas sob um sol forte e um céu muito limpo e azul, descemos para a praia e, assim, pudermos admirará-lo sob outra perspectiva. A maré estava baixa e por isso deu para caminhar tranquilamente. Fiquei ali imaginando quantas batalhas haviam acontecido sobre aquelas areias. E deparar-se com a história é fascinante! Pés sujos, pele ardendo de sol e olhos nada cansados de admirar a paisagem, era hora de pegarmos o ônibus de volta a Rennes. Confesso que deu um aperto de deixar aquele lugar para trás, mas uma vontade certeira de retornar já havia se instalado. Definitivamente, eu ali ficaria por mais algumas horas somente a contemplar e a imaginar sua história. Sonho realizado.




Le Galopin














quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Queridos!!

Só para avisar que já estou de volta à Cidade Luz e que logo novos posts virão!!!
Estou com saudades de escrever...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Pausa para férias





Queridos,

Como muitos já sabem, amanhã desembarco no Brasil. Então, até o meu regresso à Cidade Luz, nada de posts!


À tout à l'heure!!!