quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A fabulosa relação entre o Musée de l'Orangerie e o outono

Semana passada visitei o pequeno Musée de l'Orangerie, um espaço localizado no Jardin des Tuillerie e muito próximo aos museus LouvreOrsay.  Eu confesso que desconhecia sua existência até o dia em que visitei o Musée d'Orsay e vi na bilheteria a venda casada de ingressos para os dois lugares. Nesse dia, estava com uma conhecida colombiana que falou maravilhas sobre ele. Mas, como naquele dia o tempo andava curto, deixei a visita ao l'Orangerie para outro dia. Chegado o dia, tomei o metrô, saltei na estação Solferino (linha 12), passei pelo Orsay, caminhei até a margem do Sena, atravessei uma das pontes (já com alguns cadeados dos enamorados), entrei no Tuilleries e lá cheguei. Logo na entrada, uma estátua de Rodin e, logo de cara, me assustei com o pequeno tamanho do museu - e eu que andei quase que correndo com medo de que eu não tivesse tempo suficiente para visitar totalmente o museu, relaxei e pensei que em 1h eu matava o espaço. Lá dentro, as primeiras salas visitadas foram às do piso superior dedicadas às Ninfeias - grandes painéis pintados por Claude Monet, cuja inspiração das obras estava nos jardins de sua morada em Giverny. Fiquei algum tempinho por ali, mas nada muito emocionante. Desci para a segunda parte do museu e cheguei às salas que continham a famosa coleção do famoso marchand Walter Guillaume, repleta de obras de Cézanne, Renoir, Modigliani, Matisse, Picasso... Obras bonitas e valiosas, mas nada que me tocasse como já aconteceu em outros museus. Porém, algo me saltou aos olhos quando visitei a sala dedicada a Guillaume, uma manchete de jornal antiga sobre a viúva desse colecionador que dizia "Le Fabuleux Destin de Mme Walter" - acho que descobri a inspiração do diretor de Amélie Poulain! Risadas à parte, dei uma olhadinha na boutique, foliei uns catálogos e fui embora. A visita me deixou um pouco frustrada e achando que faltava algo no museu. Dai resolvi andar pelo Jardim des Tuillerie, fotografando a vida que acontecia. Cruzei o Louvre, caminhei pela rua Rivoli, olhei algumas vitrines, entrei em algumas lojas e entrei na estação de metrô rumo ao cafofo. Passeio pálido como o outono, que já anuncia sua chegada.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Paris e a arte moderna - Le Pompidou

Segunda-feira. Dia dedicado à Arte Moderna. Destino? Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou. Inaugurado em 1977, a partir da iniciativa do presidente Georges Pompidou, o centro congrega, além do museu de arte moderna e contemporânea, bibliotecas, galerias, salas de cinema, livraria, boutique, cafés e restaurantes e espaços para a realização de conferências, espetáculos de dança, teatro e música e ainda oferece bolsa de estudos. Inacreditável! O Pompidou está localizado bem no coração de Paris e seu prédio, projetado por Renzo Piano e Richard Rogers, é extremamente moderno e interessante por ter sua estrutura aparente, distando, e muito, da arquitetura clássica da cidade. E ao seu redor, lindas lojinhas de designer e arte, bares e restaurantes interessantes e, claro, artistas. Cheguei no final da tarde já que o centro funciona, normalmente, até às 21h. No pátio externo ainda havia uma razoável quantidade de jovens "lagartixando" (leia-se, aproveitando o sol), artistas se apresentando e vendedores de artesanato expondo seus produtos em lonas sobre o chão (aqui também já chegou o maldito artesanato de durepox!). Ao entrar para comprar meu ingresso pude ter noção da grandiosidade daquele lugar - um gigantesco saguão com loja, livraria, café... Peguei meu mapa de informações e subi as escadas rolantes até o mezanino. Lá, havia um espaço dedicado às crianças e adolescentes - uma espécie de pequena galeria com o objetivo de promover a sensibilização e experiências artísticas nesse público. Bacana! Em Brasília, cheguei a trabalhar em um espaço cultural que também dispunha dessa iniciativa mas, as mazelas internas que beiravam o manicômio (e que dispensa qualquer comentário) impediam seu pleno andamento... Arrepios à parte por conta dessa última lembrança candanga, peguei mais uma escada rolante, só que dessa vez localizada na parte exterior do prédio, em direção ao museu. 

Obra de Andy Warhol
Cheguei à área destinada às coleções contemporâneas (de 1960 aos dias atuais) e de cara uma obra de Andy Warhol sobre Elizabeth Taylor. Conceitos interessantes, linguagens diferentes, obras que eu me perguntava o que faziam ali e seus significados. Finalizei aquele andar. E, ao subir para outra galeria, descobri dois lugares: um espaço reservado para coleções das novas mídias e filmes (uma sala com vários computadores onde o visitante pode acessar essa nova forma de fazer arte) e outro espaço ao lado, o Salão do Visitante, que oferecia documentos, catálogos e materiais pedagógicos. Achei genial! E, perto das escadas, um lugarzinho dedicado às imagens táteis. Já no nível dedicado à arte moderna (de 1905 a 1960) dei de cara com três grandes painéis azuis de Miró (intituladas Bleus) - eu, particularmente, não gosto desse artista catalão, mas reconheço sua ousadia em fazer desenhos de criança no início do século passado. A partir dali, uma viagem cronológica sobre a história da arte moderna, seus movimentos (fauvismo, cubismo, abstracionismo, surrealismo...) e seus ilustres representantes: Magnelli, Picasso, Kandinsky, Kupka, Dalí, Miró, Duchamp, Pollok, Gorky, Chagall... Aliás, descobri Chagall - eu já conhecia algumas poucas coisas, mas foi ao ver a obra Les mariès de la tour Eiffel que eu me encantei. Linda obra, linda.
Les mariès de la tour Eiffel
E em meio à apreciação de tantas obras (muitas, de fato, nada me diziam) a mais linda era aquela que se desenhava através das paredes de vidro do museu: a cidade. O Pompidou oferece uma vista maravilhosa da cidade e de onde podemos avistar a Torre Eiffel e a Sacre Coeur, por exemplo. Enfim, subi para o último andar, onde há um caro restaurante, um espaço para eventos e outra galeria onde acontecia a exposição do artista alemão Gerhard Richter, um dos mais renomados da contemporaneidade. Mas eu, não sei bem se porque os olhos já estavam cansados, não tive paciência para analisar as obras - me dei por satisfeita em olhá-las de forma descompromissada e preferi fotografar a vista da cidade e admirar os terraços floridos que o fim de verão ainda oferece. Mas eu gostei do que vi desse artista alemão. Ele terá nova chance comigo. Enfim, cansada, desci para a boutique a fim de comprar a gravura em tamanho real da obra de Chagall que eu me apaixonei. Catei, catei, catei e nada! Todas estavam lá, menos a que eu queria. Resolvi perguntar a um vendedor se, por um acaso, não haveria essa gravura no estoque porque ali embaixo eu não havia localizado. O senhor, usando de toda a gentileza que é peculiar aos franceses (ironia) respondeu secamente que se eu não havia visto ali é porque não tinha - lembrei daquele personagem do Zorra Total que dizia o bordão "tolerância zero". Talvez ele tenha inspirado o ator brasileiro... 

Sai do Pompidou, atravessei seu pátio externo e entrei nas lojinhas de arte e design que ficam em seu entorno para catar a tal da gravura. Nada também. Desapontada, comprei uma água e fui caminhar mais um pouco. Atravessei o Hôtel de Ville, umas das pontes sobre o Senna, tirei algumas fotos do entardecer e peguei o metrô de volta ao cafofo. No caminho eu refiz meu "projeto terceira idade": além de florista, quero estudar história da arte. Jivago, claro, riu dessa minha volatilidade - ontem queria ser florista e hoje estudiosa da arte. Eu também ri, mas uma coisa não exclui a outra, não é mesmo?







terça-feira, 18 de setembro de 2012

Petit Tour: Saint-Chapelle, Conciergerie, Hôtel-Dieu, Torre Saint-Jacques, sorvete e sushi!

Durante o terceiro final de semana de setembro comemora-se o dia do patrimônio francês e, sendo assim, todos os prédios públicos, que normalmente estão fechados para visitação, abrem suas portas. Melhor que isso, só sendo de graça. E é! Mas, como sábado foi um dia de "preguicite aguda", aproveitei o domingo (sei que é imperdoável, mas dá licença da pessoa aqui querer ficar pregada em seu cafofo?). Escolhi visitar a Saint-Chapelle. Como desci na estação Cité, resolvi dar uma voltinha na feirinha de plantas e animais que acontece ali todos os domingos. Muito linda. Perdi alguns minutos admirando as lindas flores que nunca havia visto antes - acho que quando ficar velhinha vou querer ser florista. Então segui para a fila da Saint-Chapelle e, em poucos minutos, já estávamos, eu e Jivas, conversando sobre política européia com um casal de brasileiros - como eu sinto falta dessa "intimidade"que o brasileiro tem em puxar assunto com quem nunca viu na vida! Nunca espere isso de um francês...


Passados alguns minutos, já estávamos adentrando na Santa Capela. A igreja foi construída entre os anos de 1242 e 1248, segundo a vontade do rei Luís IX (que se tornaria São Luis) para abrigar as relíquias da Paixão de Cristo, entre elas, a Coroa de Espinhos e parte da cruz carregada por Jesus - a Vera Cruz. A intensão em adquirir esses tesouros religiosos era aumentar o prestígio da França e tornar Paris a "Nova Jerusalém" aos olhos da Europa Medieval. Reza a lenda que o valor dessas aquisições ultrapassou, em muito, o próprio custo da construção da Saint-Chapelle. Após a Revolução, algumas dessas relíquias foram guardadas na Notre-Dame. O que torna essa igreja tão diferente e tão especial são seus lindíssimos e enormes 15 vitrais, que contam a história da humanidade - da Gênesis à Ressurreição de Cristo. Incansáveis de se admirar. Para aqueles que acham que visitar a Notre-Dame e a Sacre Coeur já é o suficiente, estão perdendo as belezas da Saint-Chapelle




Ainda na companhia do casal brasileiro que conhecemos durante a fila, demos alguns passos em direção ao Hôtel de Ville, a fim de explicar-lhes as coordenadas para o Centro Cultural Pompidou. Ali, outra grata surpresa: o L'horloge, um antigo relógio da cidade que está localizado no prédio da Conciergerie, totalmente restaurado. Também muito lindo! Dadas as devidas informações ao casal, era hora de tomar um sorvete na Amorino, para mim, o melhor da cidade!




Mas no caminho, visitamos o Hôtel-Dieu, primeiro hospital de Paris. Muito bonito e, em seu jardim, havia um pequeno piano onde estava escrito (toque-me, eu sou seu). Achei aquilo o máximo! De ousada sentei e arranhei um "do-ré-mi-fá". Já na sorveteria, é claro que a fila era enorme já que o dia estava como um dia de janeiro na Bahia mas, valeu a pena esperar. Sorvete nas mãos, fomos caminhar pela cidade. 




Atravessamos o Hôtel de Ville, caminhamos pela rua Rivoli até chegarmos às Torre Saint-Jacques - parte de uma igreja destruída durante a Revolução Francesa e que era o ponto de partida para os peregrinos que desejavam chegar a Saint Jacques de Compostella. E para finalizar o dia, nada como passar no japonês perto de casa, comer um pouquinho e pagar com ticket-refeição, claro!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Musée de Cluny - Museu Nacional da Idade Média

Ontem recomecei minhas explorações pela Cidade Luz, mas agora correndo contra o tempo porque dentro em pouco estarei de volta ao Brasil. Como adoro listas, já fiz uma com todos os lugares que ainda não conheci. E, é claro que, em se tratando de uma cidade como Paris, sempre tem uma novidade! O destino escolhido foi o Musée de Cluny. Fundado em 1843 e instalado em dois históricos edifícios de Paris, como as Termas Galo-Romanas e o antigo Hotel de Cluny (residência da abadia de Cluny), o museu é um espaço dedicado à arte medieval e detém um acervo lindo, rico e variado.
Minha visita começou pelos seus jardins, nada comparável aos de Luxemburgo, mas aconchegante. Segui para comprar meu ingresso, guardei meu casaco na chapelaria e adentrei séculos atrás. Vitrais, esculturas, tapeçarias, pinturas, objetos sacros, jóias, armas, ferramentas e tudo aquilo que podemos ver em filmes e nos livros de escola. Confesso que, apesar desse grande acervo e do meu entusiasmo em me deparar com coisas tão antigas, nada me encheu muitos os olhos - não sei se porque eu já havia visto muito da era medieval em minhas andanças ou se não me identifico com essa parte da história.
Mas, posso dizer que tudo mudou quando adentrei nas áreas destinadas à era romana (sim, Paris também foi dominada pelos romanos!), da época em que a cidade ainda era chamada de Lutércia. Nossa, eu fiquei fascinada em poder admirar objetos, estátuas e partes de construções datadas de, por exemplo, 14 e 37 D.C - isso quer dizer que elas existem há quase dois mil anos!!!!. As Termas Galo-Romanas, do século I, também são algo espetacular. De fato, elas não mais existem, o que há são as ruínas desse lugar, mas bem preservadas. Esse sítio arqueológico romano é o único vestígio da antiga Paris. O Musée de Cluny pode não ser, ao meu ver, um daqueles lugares obrigatórios para se visitar na cidade, mas tem seu valor e é indispensável para se conhecer mais sobre como a Lutércia se transformou nessa linda Paris.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mont Saint-Michel e realização de um sonho

Depois de uma longa pausa por conta de férias no Brasil e de volta a Paris, é hora de circular! O destino escolhido foi o tão sonhado Mont Sanit-Michel, situado na região da Normandia - digo tão sonhado porque sempre tive loucura para visitar esse lugar, que para mim é mágico, e era a minha prioridade ao chegar na França. Há algumas formas de chegar, mas nós preferimos pegar um TGV até a cidade de Rennes (2h de viagem) e de lá, um ônibus até Pontorson, cidade onde está localizado o Monte (o trajeto dura 1h). Os dois percursos são muito bonitos e repletos de paisagens bucólicas: campos cultivados de grãos, moinhos, pequenas cidades e muitos cataventos para a geração de energia eólica. Mas antes de chegarmos ao Monte, dormimos em um hotel super simples em Rennes e por isso deu para ter um jantar típico francês em um restaurante maravilhoso indicado no Guia Michelin 2012, o Le Galopin. Iniciei os trabalhos com uma entrada, nage de coquillages et crevettes roses au curry de Bengale (uma maravilhosa sopa de frutos do mar ao molho de curry), segui com o prato principal, magret de canard émincé aux cerises (um sensacional pato ao molho de cerejas) e finalizei com o tradicional créme brulée. Jivago preferiu ostras frescas como entrada, leitãozinho como prato e uma torta de maçã de sobremesa - tradição da região da bretanha. A digestão de tanta iguaria ficou por conta de uma caminhada pelas ruas da cidade, muito bonita e charmosa. Acordamos cedo para pegarmos o ônibus e, em pouco mais de uma hora, surgia uma das coisas mais lindas que já pude ver:  Le Mont Saint-Michel. E desde que desci do ônibus até entrar em seus domínios, eu era só arrepios. Não sei bem o motivo, mas sentia algo diferente naquele lugar... E tiradas as primeiras fotos, era hora de explorar.


Tombado pela Unesco como patrimônio mundial, o santuário começou a ser construído em 708 D.C (isso mesmo!) em homenagem a São Miguel - e por isso, há uma linda e imponente estátua dourada do arcanjo no topo da abadia. No século X, com a chegada dos monges beneditinos à abadia, uma pequena vila foi sendo formada aos pés do monte e, assim, começou a ser povoado. O Mont Saint-Michel serviu ainda de fortaleza durante a  Guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra) e por isso é considerado um dos símbolos da identidade francesa já que jamais conseguiu ser tomado pelos ingleses. Alguns historiadores afirmam que as visões de Joana D'Arc do arcanjo São Miguel apelando para que os franceses expulsassem os ingleses das terras Francas são atribuídas às histórias heroicas de defesa do Mont Saint-Michel durante um massivo ataque inglês em 1424. No século XVI, o monte serviu como prisão. Os detalhes da história desse patrimônio mundial podem ser conferidos nos pequenos quatro museus que o monte abriga - particularmente só indico a visitação do Museu Histórico porque oferece uma visão mais geral. Além dos museus, há a simples, mas linda Abadia (localizada no topo do monte), casinhas de pedra, restaurantes e lojinhas atraentes que abrigam os mais variados souvenirs - tapeçarias medievais, semi-jóias, porcelanas, gravuras, livros e tudo mais que todo turista adora comprar!

Depois de muito caminhar pelas ruelas sob um sol forte e um céu muito limpo e azul, descemos para a praia e, assim, pudermos admirará-lo sob outra perspectiva. A maré estava baixa e por isso deu para caminhar tranquilamente. Fiquei ali imaginando quantas batalhas haviam acontecido sobre aquelas areias. E deparar-se com a história é fascinante! Pés sujos, pele ardendo de sol e olhos nada cansados de admirar a paisagem, era hora de pegarmos o ônibus de volta a Rennes. Confesso que deu um aperto de deixar aquele lugar para trás, mas uma vontade certeira de retornar já havia se instalado. Definitivamente, eu ali ficaria por mais algumas horas somente a contemplar e a imaginar sua história. Sonho realizado.




Le Galopin














quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Queridos!!

Só para avisar que já estou de volta à Cidade Luz e que logo novos posts virão!!!
Estou com saudades de escrever...