sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Primeira exposição visitada: Cézanne et Paris

Desde meus primeiros dias aqui fiquei sabendo dessa exposição e com muita vontade de vê-la... Hoje, finalmente, pude satisfazer esse desejo.... Mas antes, um aperitivo sobre como o meu dia começou...

Como de costume, fui ao curso de francês - nossa professora estava doente e, por conta disso, tivemos aula com uma professora substituta... Até aí, tudo bem afinal essas coisas acontecem. A aula começou, apresentações realizadas e subitamente comecei a sentir um odor, como se diz em piadas brasileiras sobre os franceses, o cecê-no-ar! Discretamente me certifiquei se não era eu a responsável por isso. Feita a averiguação, olhei para os lados para ver se não era nenhum colega e me deparo com minha colega argentina com os olhos arregalados e as mãos no nariz me dizendo que a professora estava fedendo! Cai da risada... O pior é que estávamos sentadas bem na primeira fila e com a porta e as janelas fechadas por conta da calefação... Pensei rápido e a única coisa que eu poderia fazer era mascarar essa catinga com algum odor mais agradável: tirei da minha mochila um hidratante para as mãos e ofereci a ela - acabou que o creme rodou na mão de todos os outros que estavam sentados na mesma fileira que eu (risos!)! Mal prestei atenção à aula... Impossível! 

Meu ingresso... Guardado com carinho
Cartaz da exposição
Terminada a aula e após o almoço, fui andando, juntamente com duas colegas, ao local da exposição de Cézanne - o Museu do Palácio de Luxemburgo. A exposição não era tão grande como eu havia imaginado, mas valeu a pena: obras de variados tamanhos e fases do artista vindas de diferentes parte do mundo e acervos - fiquei imaginando toda a logística e as cifras que estavam por trás de tudo aquilo. Admirei cada uma das obras com um olhar de quem estava se deparando com um pedaço da história da arte - Cézanne foi um pintor impressionista e um dos precursores do cubismo... Fiquei imaginando a revolução que essa nova forma de pintar causou na época. Fantastique!   

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

No Metrô, uma experiência antropológica...

Já comentei que Paris tem uma enorme quantidade de linhas de metrô, RER e trem que podem te levar a qualquer lugar, sem problemas. A facilidade também está na compra dos bilhetes, que pode ser feita nos guichês ou em máquinas de auto-atendimento, ou, se preferir, pode-se fazer o NaviGo - um cartão que dá livre acesso a todo transporte público dentro de Paris, inclusive ônibus. Acho que vale a pena.

Mapa das linhas de metrô, RER e trens de Paris

Então, de posse do meu NaviGo e utilizando-o diariamente, tenho visto muita coisa durante meus trajetos... Uma dica importante é que algumas composições do metrô são antigas e por conta disso, para que se possa entrar ou sair de algum vagão é preciso acionar, literalmente, uma manivela - dia desses vi um grupo de turistas brasileiros perder a estação de decida porque estavam esperando a porta se abrir e nada... (mas Jivago deu as devidas instruções!). 

As estações são repletas de cartazes que anunciam desde exposições, filmes e peças de teatro até anúncios publicitários. Poderia ser uma poluição visual não fosse a disposição delas - ok, talvez eu ainda esteja na fase de encantamento, mas, me agrada ver tudo isso... Fora isso, as maiores e mais populares estações congregam lojinhas (de sapatos, inclusive!), lanchonetes, bancas de periódicos e até cabeleireiro... 

Outras curiosidades desse mundo subterrâneo: os cachorros, assim como em qualquer lugar de Paris, tem livre acesso aos vagões, e são comportadíssimos! Também observei que a grande maioria das pessoas, independentemente da idade, faz seu trajeto lendo alguma coisa - dia deses sentou ao meu lado um garoto que deveria ter uns 11 anos lia um jornalzinho dado comumente nas estações. Bom, sobre odores... Confesso que imaginei que fosse pior, principalmente agora no inverno, mas devo ter sentido umas três ou quatro vezes o mau cheiro de alguém - geralmente os mais idosos ou moradores de rua. 

A experiência também é musical... Não é difícil ouvir músicos das mais variadas formações e partes do mundo: duo de peruanos (sim, eles também estão aqui! E eu adoro!), solo de violino ou acordeon e até um octeto, que acredito ser da Europa Oriental, que tocava trompete, sanfona, violinos, enfim, uma festa só!!! Ah, há também aqueles que entram nos vagões para tocarem... Hoje mesmo tive duas experiências bem opostas enquanto ia e voltava do meu curso - aliás, isso foi o que me motivou a colocar esse post específico. Na ida, ao descer do metrô e caminhar na plataforma, havia um violinista tocando sua arte em um dos vagões... Jeito bom de começar o dia! Na volta, calhou de eu entrar justamente no vagão em que havia um homem com um microfone nas mãos e um amplificador ligado que cantava, pasmem, "Festa no Apê" em espanhol. Gente, justamente no último dia de carnaval? Adorei! rsrsrs... Me senti um pouquinho na Avenida. 


domingo, 19 de fevereiro de 2012

Dia de Tour...


Ponte dos Cadeados


Passada a preocupação de achar um cafofo, o final de semana estava livre para conhecer a cidade e não mais de ter que visitar apartamentos... Sendo assim, pegamos o metrô e descemos na estação que dá acesso ao Museu d'Orsay. Como hoje não era um dia de visitação e sim apenas de apreciação da cidade, não entramos no museu. Atravessamos a romântica Ponte dos Cadeados (seu nome verdadeiro é Ponte Léopold-Sédar Senghor), onde casais apaixonados do mundo inteiro penduram na ponte um cadeado com seus nomes - a chave, claro, deve ser jogada no Sena. Preferi cumprir esse ritual em uma data mais significativa para mim e para Jivago... 






Dalí, entramos no Jardin Les Tuilleries, que foi anexado ao Louvre anos depois. Lindo no inverno e deve ser exuberante na primavera! Alí as pessoas estavam a se esquentar no sol conversando, lendo ou simplesmente admirando a vida passar... Caminhamos para a direita e chegamos ao gigantesco Louvre. Fiquei na imensa vontade de entrar, mas visitá-lo requer horas exclusivas, no mínimo! Então fomos ao shopping que fica no subsolo do museu, o Carrousel du Louvre. Lá, você pode comprar as entradas para o museu, comer algo - porque há inúmeras opções, cara, é certo, mas há uma MacDonalds - ir ao teatro, ver uma exposição, fazer compras ou simplesmente admirar as lindas e charmosas lojas de decoração, designer e papelaria.


Jardin Les Tuilleries

Voltamos ao Jardin Les Tuilleries mas agora na direção oposta, rumo à Ponte Alexandre III, sem dúvida, a mais linda da cidade. Seguimos rumo à Avenue Champs-Élysées e ao Arco do Triunfo. A avenida, como é sabido por todos, congrega uma infinidade de grandes e famosas lojas... E em minha caminhada, deparo-me com a gigantesca e imponente loja da Louis Vuitton e, de ousada, resolvi entrar para saber como é esse mundo do luxo... Estarrecedora, linda, glamurosa e praticamente uma loja-museu tamanho o cuidado, esmero e quase-arte com que as peças estão expostas. Claro, tudo muito caro, mas loja cheia, principalmente de japonesas compulsivas - já disse em post anterior o quão elegantes e chiques elas são. Seguimos rumo ao Arco do Triunfo, o frio já havia aumentado, a fila para o elevador estava imensa e o horário esgotado - ok, hoje não era o dia de visitação mesmo! Alí, vi uma sena que realmente me fez pensar que Paris respira amor: no meio do Arco um jovem rapaz abraça a namorada e tira de uma sacolinha uma caixinha vermelha que continha um anel acompanhado de um pedido de casamento - a língua não era a portuguesa, e eu tão pouco prestei atenção nisso, apenas fiquei admirando o gesto e as reações emocionadas dele e dela. L'amour, toujours l'amour

Avenida Champs-Élysées

Cansada, com fome e com frio, fomos comer algo na MacDonalds daqui - o cardápio é adaptado, não há tortas de maçã ou banana e oferecem batatinhas fritas com ou sem casca (os franceses comem batata fritas com casca) e há frutas no menu como, por exemplo, o kiwi - a Mac teve que alterar e adaptar alguns itens em seu cardápio de acordo com as exigências do governo francês para poder entrar aqui. Depois de me jogar no junk food, pegamos o metrô de volta. Cansada, pés esfolados, nariz gelado, mas contente. 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em busca de um cafofo: a saga!

Não posso dizer que esse quase um mês de Paris eu tenha vivido a cidade… Tudo porque os dias estavam destinados a procurar um lugar para morar - estou temporariamente hospedada no mesmo cômodo que Jivago – um quarto de 16m², até ai tudo bem se não fosse um pequeno detalhe: de forma clandestina… Isso porque pelas normas da Maison, só estudantes de cursos de graduação e pós podem ficar hospedados. Não é o meu caso. Por conta disso, todas as quintas-feiras, dia da faxina, tinha que acordar antes que a arrumadeira cheguasse ao corredor e retirar todos os meus vestígios! Praticamente a Sol, personagem de Débora Secco na novela América, alguém lembra? Sendo assim, hora de deixar algumas coisas de lado, inclusive a vontade de conhecer as maravilhas de Paris, e encarar os sites de anúncios de apartamento… Então, me joguei na rede em busca dos anúncios… O primeiro grande desafio foi entender tudo o que eles descreviam – mas, para isso, contei com a ajuda dos meus amigos inseparáveis Dicionário José e João Google Tradutor. Depois disso, mandar e-mail ou ligar para os proprietários. Mas, até eu descobrir que aquela quantidade de números que fica no final do anúncio em negrito era o número de um celular… (vide foto abaixo)



O número circulado 
de vermelho é um número de celular

Então fiz um acordo com Jivago bem ao estilo Ford: eu procuraria e separaria os anúncios e ele faria os contatos. Ok, até que funcionou. Só que, um belo dia, vi um anúncio bacana e, advinha? Jivago estava em aula e sem créditos no celular… E ai? Tive que ligar para um amigo francês dele e pedir a ele que viesse aqui no quarto fazer a ligação para mim – isso em inglês! Tudo isso aconteceu, mas não obtivemos resposta. Bom, depois de muito Jivago ligar, mandar e-mail e ouvir "Le appartement a déjà loué” conseguimos marcar uma visita para dois apartamentos no mesmo dia! UHU! E lá fui eu acompanhar Jivas em uma aula porque de lá iríamos visitar os tais apartamentos. Fiquei fazendo hora por mais de uma hora enquanto ele assistia à sua aula – nesse tempo, pelo Gtalk, Thu me convencia a fazer esse blog – sim, já estava de volta ao mundo 3G, lembram? 19h, frio de rachar, fomos rumo à estação de metrô Bastille. Chegamos ao local: prédio típico francês com pracinha simpática na frente, lojinhas graciosas, livraria infantil e restaurantes bacanas… Já estava imaginando os Fubacas por ali quando fomos avisados que a proprietária não poderia aparecer porque estava com problemas com as chaves! Frustrada, fui tomar uma sopa na boulangerie gracinha que ficava próxima para ver se espantava o frio. E quem disse que essa proprietária atendia mais ao telefone? Enfim, esquecemos desses apartamentos e continuamos nossa saga. No dia seguinte, nova frustração… andando no frio de alguns graus negativos, chegamos à porta do prédio onde se anunciava o apartamento. Aguardamos por alguns minutos quando a porta do prédio se abriu, algumas pessoas desceram e uma delas nos perguntou se estávamos ali para visitar o apartamento e ao respondermos que sim, ela disse a terrível frase: "Le appartement a déjà loué”. Nossa, isso foi de matar‼! Os franceses não tem o menor problema em falar essas coisas! Como assim o apartamento estava alugado? A visita não seria feita naquele dia e horário? Por que não avisam? Fiquei passada com  a falta de atenção deles… Além disso, eles também não respondem e-mails, dão os números de telefone e não atendem ou deixam sempre na caixa postal… Como pode isso? Pior que isso: dois dias depois, fomos fazer nova visita a outro imóvel e mais uma vez acordamos cedo e… Chegamos na porta, ligamos para o proprietário e eis que surge uma figura típica de ator pornô da década de 70 com um cigarrinho no canto da boca e nos disse "bonjour"; respondemos e fomos entrando. O prédio internamente era horrível, cheio de entulho mas o pior estava por vir: entramos no apartamento e logo sentimos um cheiro forte de urina; além disso, demos de cara com um velho de muletas e um copo de vinho nas mãos que simplesmente cuspiu no chão quando nos viu – acreditem, os parisienses mais velhos tem a mania de cuspir no chão. Gente, aquilo era um apartamento? E estavam pedindo quase €900,0 de aluguel? Surreal… Eu e Jivago nos entreolhamos e ele disse ao proprietário: “Mesieur, merci, au revoir". Saímos de lá às gargalhas e chocados com a cara de pau daquilo! Dois dias depois fomos visitar outro apartamento, só que nos limites de Paris, mais precisamente em Paris 18, próximo à Sacré-Coeur. O apartamento ficava no sexto andar de um prédio sem elevador… Cheguei morta e ofegante. Batemos, batemos e nada! Resolvemos ligar para a proprietária que nos alertou que não era naquele bloco e sim no que ficava ao lado - ou seja, descer tudo aquilo e subir novamente no bloco seguinte!  Ok, chegamos ao apartamento certo e um ovo de codorna era maior que aquilo. Desci todas aquelas escadas meio frustrada e triste em saber que minhas já baixas expectativas teriam que ser ainda mais rebaixadas. No caminho de volta para a estação de metrô, meio cabisbaixa, parei na sinaleira e vi uma noiva descendo de um carro ao som de mulheres cantando algum mantra – era um casamento árabe! Eu, é claro, puxei Jivago para assistirmos àquilo. Ficamos alguns minutos observando aquele ritual exótico, mas foi o suficiente para lembrar que estava ao lado do meu marido e aquilo era o que importava: estávamos juntos. Neste mesmo dia, pela tarde, fomos visitar um outro apê – muito gracinha, pequeno também, mas próximo da universidade - porém, nunca fui tão hostilizada… Levamos um amigo francês de Jivas para intermediar nossa conversa, o mesmo que chamei para fazer os contatos para mim enquanto Jivas tinha aula. A proprietária francesa me olhava de cima a baixo, nos indagava tudo e tinha um jeito de falar arrogante - como se ela desconfiasse de nós, das nossas condições, além de certo preconceito por sermos brasileiros. Saí de lá triste, me sentindo como uma refugiada de guerra, não só pela sensação de estar sendo analisada e julgada, mas também porque nada entendia do que ela falava. No domingo, mais uma aventura: depois de erramos por duas vezes a estação de metrô que deveríamos descer, e já estarmos quase 30 minutos atrasados para a visita, inventamos de tirar uma grana no caixa eletrônico e Voilà – o cartão ficou preso no caixa eletrônico. Pedimos ajuda a um casal de franceses transeuntes que em nada puderam nos ajudar e fizeram o favor de empurrar ainda mais o cartão. Então, atravessei a rua, entrei no mercado, comprei uma pinça e assim conseguimos resgatar o cartão. Ingenuamente, tentamos um outro caixa eletrônico e Voilà, parte II! O cartão ficou preso novamente (definitivamente um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar!). Mais alguns minutos de aflição e murros no caixa quando a máquina, revoltada, resolve cuspí-lo… Finalmente, quase uma hora depois do combinado, chegamos para visitar o imóvel – mais uma vez tive que subir sete lances de escada - mas, esse ainda não era o nosso cafofo. Achando que Paris conspirava contra nós, começamos então a atirar para todos os lados: sites de locação de apartamentos para turistas, blogs, listas de discussão, comunidade de brasileiros que residem aqui, boca-a-boca, enfim, até que lembrei que o meu curso de francês oferece essa ajuda – service d'accueil et de logement. Então mandei e-mail explicando toda a dificuldade e burocracia exigida, principalmente a de se ter um fiador francês (qual o estudante estrangeiro que tem fiador francês, gente?) e pedindo ajuda para alugar um apartamento. Passado alguns dias, diante de uma resposta positiva, compareci pessoalmente a essa secretaria e após alguns minutos de conversa, eis que surge em minhas mãos duas opções de apartamento! E como num passe de mágica, a responsável por esse serviço ligou para uns dos proprietários e marcou uma visita para o mesmo dia – mal acreditava que as coisas estavam fluindo tão tranquilamente… Visitamos o cafofo, pequeno e simples – bem ao estilo parisiense de morar, mas gostamos! E, finalmente, depois de tantos perrengues, bolos tomados e exigências mil, assinamos o contrato!   

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Sacré-Coeur e Montmartre





Visitei a linda Sacré-Coeur, ou Basílica do Sagrado Coração, e aproveitei para deixar uma vela para minha vó.  A basílica fica em Montmartre, bairro boêmio de Paris que congrega feira de artes, galerias, lojas simpáticas, café, bistrôs e ateliês... Artistas como Cézanne, Picasso, Van Gogh e Monet eram seus frequentadores assíduos. O famoso Moulin Rouge também está localizado nesse bairro. Uma pena que o frio estava intenso, eu mal podia tirar minhas luvas para fotografar, e que tínhamos um apartamento para olhar - continuamos procurando um cafofo. Mas, ficou a vontade de um breve retorno para explorar esse cativante pedacinho de Paris que respira e pulsa arte.


Place du Tertre,
comércio a céu aberto de pinturas 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Presente do marido para me alegrar...

Tartelettes de maçã e framboesas

Luto


Deus estava precisando de luz e por isso levou consigo minha amada vó...
Desconheço pessoa mais simples, bondosa, generosa e amada do que ela...
Privilégio nosso ter convivido com alguém REALMENTE tão especial e que 
fazia a diferença no mundo. RARIDADE
Ensinou a todos, e mesmo ao que estavam mais distantes, como eu, 
que o que move a vida é o AMOR, principalmente ao próximo... 
Para ela, tudo era lindo, tudo estava bom e sempre estava com os braços estendidos 
para um abraço e pronta para beijar. Beijos e abraços, sua marca registrada. 
E mesmo nos seus últimos dias, seguiu ensinando a todos. Pura LUZ. 
Minha vó e madrinha querida, te amo, para todo o sempre.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

La première classe de mon cours de français!

Depois de alguns dias ansiosa finalmente hoje começou meu curso de francês! Acho que minha vida nessa cidade começa agora!

Acordei super cedo, o dia nem havia amanhecido ainda, me arrume e lá fui eu rumo à estação de metrô num frio de -4C. Desci na estação indicada pelo GoogleMaps e segui o trajeto... Nada além que 10 minutos e Voilà, achei o prédio! Pontualmente às 9h30 a professora Carole Henaut, simpática e com um francês limpo e claro, iniciou a aula. Com o teste de nivelamento que fiz na semana da matrícula, pulei o nível Débutant e fui para o seguinte, o nível Elémentaire. Na sala não deve haver mais que umas 15 pessoas das mais variadas nacionalidades, sendo que metade delas são orientais - chinesas ou japonesas. Impressionante a quantidade de orientais que Paris congrega. Diga-se de passagem, as japonesas são chiquérrimas - Lux, você ia adorar ver os looks. Mas também é curioso ver como eles tem mais dificuldade de aprender a língua - natural, a raiz do francês é o latim. Fiz amizade com uma americana e uma japonesa/ norueguesa. De brasileira, até gora, só eu. Mas tem uns chicos de Colômbia e Venezuela, se não me engano. O legal é ver os biotipos diferentes, como cada um se comporta e se veste de acordo com a sua cultura, como são variadas as pronuncias... Enfim, interessante! Durante a tarde, mais aula de reforço, agora com o professor Franz Olivier, que se parece com o jeito do Dr. House... Bom, estava tão feliz em entender tudo, em estar aprendendo uma língua que jamais havia planejado e em conhecer pessoas que nem senti o tempo passar!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Conhecendo a neve!

Acordei mais cedo do que de costume para saber notícias de minha vó Dilecta – desde ontem está internada em fase terminal de um câncer no pulmão. Olhei pela janela, tudo estava branco e pequenos flocos de neve caiam. Desci com Jivago e outros dois amigos para conhecer esse fenômeno d perto que só conhecia através de filmes na época do Natal. O frio era menor do que de costume – quando neva, o frio diminui não me pergunte o por que. Tiramos fotos e fizemos alguns vídeos para Gabriel e João Pedro, nossos afilhados. Gostei, foi divertido e por alguns minutos consegui desligar-me um pouco da minha querida vó, como no momento da foto ao lado. Porém, não teve a mesma graça porque o meu pensamento estava nela. 

Conhecendo a Torre Eiffel... Deslumbrante, linda, majestosa...

Elle est très belle!
Coloquei o álbum completo no meu Facebook

Burocracias iniciais

Minha primeira saidinha foi para me matricular no curso de francês… Pelo caminho, já fui admirando tudo e já na saída do metrô me deparo com os jardins de Luxemburgo e um painel que anunciava a exposição Cézanne et Paris – já enlouqueci! No caminho para o local da matrícula avistava lindos prédios, janelinhas decoradas com flores de cores vivas e variadas, livrarias a cada passo e cafés, muitos cafés. Achamos o prédio da matrícula, entramos, aguardamos nossa vez e entendi nada do que a pessoa que efetuara minha matrícula falava… Nossa, tive a impressão que estava em outro país que não a França. Mas Jivago me ajudou e lá fui eu. Matrícula efetuada, carteirinha na mão e teste de nivelamento marcado para o dia seguinte. Pânico! De lá, esticamos até o Panthéon onde fica a maioria dos prédios da Sorbonne; visitamos a igreja de Saint-Étienne e sua escadinha que foi cenário para as esperas do personagem Gil, vivo por Owen Wilson no filme de Wood Allen Meia Noite em Paris. Descemos ruelas admirando, mais uma vez, tudo e à Catedral de Notre Dame – visita rápida, mas emocionante e com promessa de um breve retorno. Dalí fomos comprar um bendito chip de celular para eu voltar ao mundo do Whatsupp… Entramos, sentamos e esperamos por uns 10 minutos até que um vendedor nos chamou e disse: "Cadê a senha"? Senha? Qual senha? Onde pegamos a senha? Eis que ele nos aponta um lugar onde quem tem que nos dar a senha é o próprio atendente! Jesus‼! Enfim, 10 minutos depois, Voilà! Voltava ao mundo 3G! Dalí, fui na estação de metrô fazer o meu  Navigo, um cartão que dá livre acesso a todas as linhas de Metrô, Tramway, RER e ônibus dentro de Paris pelo preço de 62,0 euros por mês. Ainda faltava o tal do seguro de saúde e o Offi… Mas isso só poderei fazer depois que tiver um endereço fixo… E aí entra a saga por um apartamento…

24/01 - Primeiro dia do ano Chinês e meu primeiro dia da Cidade Luz

Coincidência ou não, depois de mais de 12h em um avião, claro, à base de Dramin, cheguei à Cidade Luz no primeiro dia do ano chinês - ano do Dragão que significa o ano das realizações. E, enquanto estava na fila no desembarque as amigas Sheyla e Michelly estavam, do Brasil, enviando vibrações, tenho certeza! A ansiedade era grande para sair dali e encontrar meu lindo marido Jivago e, claro, havia também o medo de dar alguma merda e eu ter que voltar dali mesmo para o Brasil e enfrentar mais 12 horas no ar! De cara pediram meu passaporte, como uma prévia para facilitar o trabalho para a Aduana. Ok, passei. Fui seguindo as placas que diziam Sortie. Depois de tanto caminhar com uma mochila ultra-pesada, cheguei na entrada da fila da Aduana e perguntei, em francês, onde ficava a restituição de bagagem para uma das moças que estava organizando a fila e ela me respondeu, em francês, claro, porém mais do que queria saber e aí lascou! Olhei para a cara dela e disse: "Oi?". Ela, entendendo que eu não falava lhufas, apenas mostrou com as mãos. E lá fui eu… Entrei na fila da Aduana com pessoas de todos os lugares… Tinha árabes vestidos a caráter – eu nunca tinha visto isso na minha vida! Bom, entreguei meu passaporte para um policial, ele olhou para minha cara, olhou para o meu passaporte e finalmente desceu o carimbo. Pronto. Estava dentro. Nada tinha dado errado. E a bagagem? Bom, fiquei lá esperando as malas de pobre e elas chegaram. Na saída avistei a linda carinha do meu marido me esperando. Que felicidade! E lá fomos nós rumo ao RER (Reseu Expréss Regionel – uma espécie de metrô onde algumas composições tem 2 andares, outras não, isso depende da linha) rumo ao Centro… Na quais um aspecto sujo e uma música mais-que-antiga tocava: Remember my Name - para quem não está ligando o nome à música, clica nesse vídeo.




O RER chegou e outro choque: que estreito! No meu imaginário, pensei em algo enorme, digno de primeiro mundo. Seguimos passando por cada estação, vendo pessoas de várias raças e estilos entrarem e saírem, pedintes, cantantes, músicos e pessoas com cachorros – sim, aqui na França os cachorros transitam livremente em qualquer lugar, eu disse qualquer lugar mesmo! E lá fora, um tempo nublado, árvores secas, casinhas simpáticas e carros muito velhos – mais até que os carros do Brasil na década de 80 e 90, sério. Descemos na estação Cité Universitaire e caminhamos alguns metros no frio até que meu marido enviou um SMS para os dois amigos que estavam a nossa espera – sim, eles entrariam com as minhas malas e eu e Jivago entraríamos algum tempo depois porque, como ainda não estou matriculada em nenhuma universidade, não poderia estar residindo na Maison des Provinces de France. E are baba eis que surgem os dois, um indiano chamado Yuvraj e um francês chamado Matthieu. Apresentações em inglês, seguimos. Um ramalhete de flores me esperava no quarto, mas, a essa altura eu já estava faminta, morta e já havia adquirido um resfriado.  Como o quarto não tinha cozinha, Jivago fez um almoço na copa da Maison e lá conheci uma figura engraçada e doce, a Stephany – uma austríaca de 22 anos que está estudando medicina, fala espanhol e dança salsa. Desarrumei algumas coisas das malas como, por exemplo, a imagem da minha Nossa Senhora das Graças que me acompanha sempre – ela estava intacta. Depois, dormi por horas a fio e até o dia seguinte, que insistiu em amanhecer lá pelas 9h da manhã! E, eu achando que já começaria meu tour por Paris, fiquei prostrada durante todo o dia seguinte cercada de Coristina, lenços e Sorine. Paris, ficava para o dia seguinte.

A Despedida do Brasil

Uma semana nostálgica com olhar de despedida… Apreciei deveras o mar; comi uma comidinha baiana com Thu; tomei banhos de folhas para espantar qualquer mau-agouro; curti o sorriso do meu lindo afilhado João Pedro; tentei pensar o menos possível sobre o dia da partida; resolvi algumas burocracias; refiz algumas vezes as malas; participei de mais uma reunião/ barraco da família, vulgo Unidos do Campo Grande e, claro, estive com aqueles que mais amo nessa vida: meus pais e minhas irmãs (claro, o outro amor de minha vida está no Velho Continente). Porém, a despedida foi em doses homeopáticas. No domingo foi a vez de me despedir daquela que jamais poderei viver sem ao menos dizer um oi por dia, minha irmã e melhor amiga Carolina e meu afilhadinho amado e adorado João Pedro – o bichinho, diante de tanta choradeira, assustado, perguntou: "Mamãe, tia Bel está triste? Por que?". E, no dia seguinte, mais de 24 horas depois, tive a graça de saber que ele lembrou de mim e indagou: "Mamãe, a tia Bel ainda está triste?" Do alto de seus 3 aninhos recém-completados em uma linda festa, quanta sensibilidade!

Na segunda, dia do meu embarque, tive que levar meu pai no aeroporto pela manhã (digo tive, porque, de fato, ele era a pessoa de quem menos agüentaria me despedir por vários motivos; mas, principalmente, por saber da sua fragilidade e da minha conexão com ele). E assim o foi: agarrei-me a ele como uma criança faz em seu primeiro dia de escola e por alguns minutos me mantive assim, sem nada falar, apenas sentido sua presença, seu amor, meu amor, pensando no medo de não poder fazer isso durante algum tempo, chorando e, enfim, dizendo a ele o quanto o amava e o quanto estava agradecida pelos 5 meses de férias em que estivemos juntos. Entrei no carro, naturalmente com a cara toda vermelha e, ao olhar pela janela, lá estava ele: em pé, a me olhar… Um olhar que me cortou mais ainda o coração. E, em seguida uma linda mensagem no meu celular.

Presentes das amigas Flávia e Karlene e do casal Junia e Bubu
Pela tarde, mais uma etapa dramática… No aeroporto tudo ia bem entre eu, minha irmã Cristiana, minha mãe e tia Zezé, peça fundamental para me segurar nesse processo todo de despedida… Recebi mensagens de Thu e das amigas de Brasília Michelly e Sheyla; comprei umas revistas e, enfim, chegou a hora! Eu, toda paramentada para o inverno europeu – de botas, meias e um legítimo Kilt escocês, coloquei meus óculos escuros e iniciei todo o processo de despedida… Antes disso, já havia começado a chorar. Olhei para Cris e ela já estava se acabando. Abracei minha mãe e novamente desabei… Ficamos abraçadas por minutos a fio, ela pedindo para sentir meu cheiro e eu pensando no medo que sentia em não vê-la mais e em não poder contar com sua serenidade de mãe por conta de alguma peça que a vida poderia pregar; então, pedi a ela que, por favor, se cuidasse porque ainda precisava muito dela nessa vida e que a amava muito. Ela, como sempre, tentou ser a mãe que precisamos nessa hora e me deu seu apoio, me lembrou do quanto seria feliz em Paris, das coisas lindas que veria e viveria… Amo-a por isso: pela sua serenidade, pela leveza e por me passar sempre a sensação de que tudo vai dar certo. E, em meio a tudo isso, Cris continuava a chorar e minha querida tia Zezé dizia coisas tão engraçadas que tudo pareceu uma grande piada, uma grande esquete de uma comédia dramática! Abracei minha irmã e mais uma vez choramos juntas… Pedi desculpas a ela por não poder acompanhá-la nos preparativos de seu casamento, disse que a amava e que sentiria muito sua falta (e, de fato, já estou sentindo até porque, ainda que eu não quisesse falar com ela, ela me ligaria – como já o fez em um certo dia em que conseguiu me ligar 15 vezes! Minha irmã, eu amo isso! rsrsr). Enfim, abracei minha tia Zezé, tão fundamental ali, e disse que a esperava em Paris‼! Entrei na sala de embarque com meu Kit-Paris na bolsa - Guia do Brasileiro em Paris, de Mariléa de Castro, o livreto Le Petit Nicolas, do genial Sempé-Goscinny, leitura obrigatória, e uma simpática caderneta de anotações cuja capa é uma homenagem ao filme Le Fabuleux Destin d’Amelie Poulaim – presentes da “Gibisco” Flávia Thu, do casal que adoro Junia e Bubu e da amiga “mocinha” super-produtora Karlene - tentando pensar que era apenas uma viagem de férias e que logo estaria de volta – em julho.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Iniciando os trabalhos...

Convencida por minha velha amiga Flávia Figueirêdo, vulgo Thu, aqui estou eu a relatar  minhas experiências e impressões sobre Paris, a cidade mais visitada do mundo...