quarta-feira, 25 de abril de 2012

Barcelona, cidade mais que criativa!

Museu e História da Catalunha
Depois de alguns dias em Madri e arredores, seguimos para Barcelona. De cara percebemos que se tratava de outra parte da Espanha já que as placas do aeroporto tinham três línguas: castelhano, inglês e catalão - língua oficial de Barcelona e que é uma mistura entre o inglês, o francês e o castelhano. O aeroporto era enorme e mais parecia um shopping tamanha a quantidade de lojas - resquícios de uma Olimpíada, claro! Depois de pegarmos nossas coisas, seguimos para o posto de informação ao turista, que fica bem próximo ao desembarque, para pegarmos o mapa da cidade e procuramos saber como chegar à estação de metrô do aeroporto. Feito isso, seguimos para pegar o ônibus gratuito que nos leva para o terminal onde está a estação do trem/ metrô. E de cara notamos que Barcelona também é um pouco mais cara que Madri pelo valor do bilhete só de ida (aproximadamente  3,60 por pessoa). Descemos na estação próxima ao albergue que reservamos e no meio no percurso já podemos apreciar a influência de Gaudí na arquitetura da cidade e, mais adiante, avistamos a Casa Batlló, prédio antigo reformado por Gaudí e que atualmente funciona como museu. Ficamos apreciando essa obra tão diferente, mas resolvemos não entrar já que estávamos com nossa bagagem e o preço também não é convidativo:  18,15 para adultos e  14,55 para estudantes. Achamos o prédio do albergue e fomos subindo as escadas na esperança de achar a recepção. Nada! Não havia nenhuma sinalização... Por sorte, havia um quarto com uma porta aberta e decidimos perguntar a uma menina onde ficava a bendita recepção. De posse dessa informação, chegamos lá e choquei! De fato, um albergue não é um hotel cinco estrelas, mas precisava ser assim? Sujo, velho... E isso eu só tinha visto a recepção... Como não podíamos fazer o check in naquele horário, deixamos nossa bagagem lá e fomos percorrer a cidade e, claro, almoçar. O rapaz do albergue nos indicou, por incrível que pareça, um restaurante com buffet livre, o La Vaca Pata. Dada a procedência da indicação, fiquei até com medo, mas fomos conferir e, para minha surpresa, era bacana! Pagamos  9,95 por pessoa e inclui além do buffet (que tinha um pseudo churrasco, mas para mim que vivo em uma  cidade que não tem isso, tá bom de mais!) bebida, sobremesa e café. É claro que tiramos a barriga da miséria e ficamos ali por um bom tempo comendo, comendo e comendo...

Seguimos caminhando pela cidade e descemos uma das mais famosas rua de Barcelona, a Las Ramblas, uma espécie de calçadão central margeado por bares, restaurantes, centros culturais, igrejas, lojas, ambulantes... Há ainda o maravilhoso Mercado de St Josep onde encontramos de tudo: frutos do mar, frios, jamón,  doces, bebidas, azeites, especiarias e, claro, legumes e frutas maravilhosas! Em uma das bancas achamos até seriguela e jaca! Eu, claro, novamente matei as saudades de um suco de frutas (porque isso inexiste em Paris, ou eu ainda não consegui encontrar) e tomei um de manga... Definitivamente os espanhóis se alimentam melhor do que os franceses!

Parque Guell
Dali avistamos a Praça Real, cercada de prédios antigos, bares e restaurantes e onde acontecem muitas apresentações artísticas - nesse dia, avistamos uma apresentação de capoeira que mais parecia acrobacias do Cirque du Soleil. Continuamos descendo Las Ramblas e eu encantada com tudo até que meu encanto aumentou ainda mais: avistei o mar! Nossa, que visão mais linda! Um dia claro, um céu azul e o mediterrâneo na minha frente com um azul tão azul que chega a doer meus olhos. Se eu já estava encantada com Barcelona, nesse momento me apaixonei! Claro que eu sai andando pelo píer admirando tudo... Ali há um shopping com cafés e restaurantes muito bacana e o design é especial também! Sentamos em um dos banquinhos do píer e ficamos admirando o mar, os barcos, o movimento das pessoas... Que vontade de morar ali! rsrsrs... E depois de completarmos a volta, saímos em uma praça e fomos entrando pelo Bairro Gótico rumo à Catedral. O bairro Gótico é o mais antigo de Barcelona e também abriga bares, restaurantes, boites... Mas também podemos encontrar uma antiga muralha romana construída para proteger a cidade. Diante da catedral, novamente resolvemos não entrar uma vez que já havíamos visto muita coisa em Segóvia e Toledo. Permanecemos na porta assistindo a uma apresentação emocionante de um músico e seu violino. Cansados, voltamos para o albergue para fazermos o check in... estava com medo de ver o quarto e ser obrigada a procurar um outro lugar. Por isso, pedimos para vê-lo antes de pagarmos. Apesar da simplicidade e de uma parte do assoalho estar faltando, resolvemos ficar ali mesmo.

Sagrada Família
Dia seguinte, dia de Gaudí! Conhecemos a Sagrada Família, um espetáculo da arquitetura que está em construção há 130 anos - a previsão para finalizarem a Catedral é em 2030! Nunca tinha visto algo parecido... E meu entusiasmo era maior por começar a compreender que as formas não eram apenas uma "viagem"de Gaudí, mas fruto de seu estudo sobre as formas da natureza. Muito bacana! A Sagrada Família abriga ainda, na parte de baixo, um museu onde pode-se conhecer mais sobre sua história, apreciar fotos, observar o túmulo de Gaudí (ele está enterrado lá!) e o laboratório onde são feitos os moldes de gesso de partes do projeto - eles servem de base para os engenheiros executarem a obra. Enfim, passeio obrigatório e inesquecível em Barcelona. Almoçamos mais uma vez em um desses restaurantes com buffet livre e fomos ao Parque Güell onde também estão as obras do famoso arquiteto. Uma delícia de passeio: pessoas em todas as partes, artistas se apresentando e muita natureza para relaxar. O ideal é curtir sem pressa. E assim o fizemos. A figura mais famosa do parque, a Iguana, está localizada na entrada e é super disputada para tirar fotos. Se quiser exclusividade, chegue cedo! Ao redor do parque há ainda lojinhas lindas e caras! Mas os objetos são originais e diferentes de tudo que já havia visto. Pela noite, fomos assistir a um pocket show de Flamenco - há muitas opções na cidade, mas caras porque geralmente incluem uma ceia/ jantar. Escolhemos a casa Tarantos que oferece um show rápido, de 30 min, no valor de 8, por pessoa. É claro que não foi "o show", mas pelo preço valeu a pena apreciá-lo tomando a famosa sangria. Ao final do show um menino de 10 anos de idade, e cabelos escorridos na cintura, subiu ao palco e soltou seu vozeirão em uma canção sofrida flamenca. Legal ver essa cultura sendo passada para as próximas gerações.


Museu Nacional de Arte da Catalunha, MNAC
Último dia em Barcelona e já estava triste... Resolvi fazer o passeio de teleférico e assim ter uma visão privilegiada da cidade. Para tanto, seguimos para o bairro da Barceloneta, onde estão as praias da cidade e uma das torres de onde partem os teleféricos, a Torre de St. Sebastià. O passeio custa  10 ida e  15 ida e volta. Nós preferimos só a ida já que o teleférico nos deixaria na torre do Parque de Montjuïc, nosso próximo destino. A fila não é enorme, mas é preciso ter um pouco de paciência. A vista é deslumbrante, sem dúvida! Já no Montjuïc, fizemos tudo a pé e conhecemos o estádio e a vila Olímpica (a entrada é gratuita), o Jardim Botânico, a Fundação Miró, o Castelo de Montjuïc e o Museu Nacional de Arte da Cataluña - MNAC. Eu, é claro, já estava morta e meus pés já não existiam mais e qualquer semelhança com a maratonista Gabrielle Andersen nas Olimpíadas de 1984 não é mera coincidência... Como já havíamos feito o check out do albergue e teríamos que ir para o aeroporto até a 00h, resolvemos fazer hora no cinema. Escolhemos o cinema da Arenas de Barcelona, um shopping que foi construído aproveitando a estrutura de uma antiga arena de touros. Muito bacana! Eu fiquei encantada com o aproveitamento desse espaço... Cidade Criativa mesmo! Depois do filminho, passamos novamente no albergue para apanharmos nossa bagagem e seguimos para pegar o ônibus que nos leva direto para o aeroporto ( 5,65 por pessoa). Como o nosso voo era às 6h da manhã, a grana já tinha estourado para uma nova diária no albergue ou para um táxi e não havia trem para nos levar até o aeroporto em um horário razoável, resolvemos passar a noite por lá mesmo! É claro que antes entramos no site exclusivo que traz dicas de quais os melhores lugares de cada aeroporto para se dormir - Sleeping in Airports Surreal! O site nos indicava as poltronas de uma café que funciona 24h no Terminal 1. Nos dirigimos para lá, mas já estavam ocupadas... Então, escolhemos um cantinho meio escurinho para montarmos acampamento. Lá para as 3h da manhã, fomos acordados pela segurança do aeroporto que nos dizia que ali não era permitido dormir no chão, apenas nas desconfortáveis cadeiras, e nos pediu passaporte e bilhetes para ter certeza de que não éramos imigrantes ilegais! rsrsrs... Às 6h já estava embarcada de volta a Paris.

Praia da Barceloneta, vista do teleférico
Fiquei apaixonada pela Espanha e mais ainda por Barcelona. Tudo nessa cidade envolve arte e cultura - cada monumento, cada prédio, cada esquina. Incrível a mistura sempre presente do moderno com o antigo convivendo em perfeita e bela harmonia. Fácil de se ver um prédio secular ao lado de uma intervenção de Gaudí ou Miró. Fascinante observar como se soube reaproveitar lugares que antes eram perigosos e abandonados. A revitalização da cidade e dessas áreas foi fundamental. Uma praia foi criada - é claro que o mar sempre esteve lá, mas só haviam pedras. Enfim, exemplo.



Informações
http://www.barcelonaturisme.cat




terça-feira, 24 de abril de 2012

Toledo, a antiga capital da Espanha

Vista da Cidade, ao fundo o Alcazar
Depois de visitar Segóvia, chegou o dia de conhecermos a antiga capital da Espanha, a cidade de Toledo - igualmente declarada como patrimônio da humanidade pela UNESCO. Também fomos de trem, menos de 30 minutos de Madri. O primeiro espetáculo arquitetônico fica por conta da estação onde desembarcamos, a Estación de Ferrocarril que mais se parece com um palacete árabe. Alí pegamos um ônibus que nos deixou no centro, bem em frente ao Alcazar da cidade. Cercada pelo rio Tejo, Toledo é uma cidade muito antiga e foi a capital da Espanha até a corte ser transferida para Madri. A cidade também foi palco de grandes disputas e de invasões mouras. Toda essa mistura entre cristãos, árabes e judeus pode ser conferida na arquitetura, na  gastronomia e, sobretudo, no artesanato composto basicamente de peças em metal com design que remete ao período medieval, porcelanas coloridas e as lindas e famosas espadas de aço (quem não se lembra do lendário aço de Toledo do qual foi feita a espada do Zorro?). É de enlouquecer! Uma pena não ter podido comprar nada... De cara encontramos na porta de uma dessas lojas as estátuas de Dom Quixote e Sancho Pança - Toledo é um dos cenários utilizado por Cervantes em sua obra. E há souvenirs e outras tantas estátuas desses personagens espalhados por toda a cidade.

Catedral Primada

De posse do mapa da cidade, elegemos a Catedral Primada para visitarmos porque era a mais próxima do ponto em que estávamos. Porém, no trajeto, paramos para provar algumas iguarias das padarias que agora não me recordo como se chamam, mas ainda lembro o sabor! A Catedral tem o estilo gótico, é majestosa e abriga obras de Goya, El Greco, Caravaggio, Tiziano e Van Dick, além dos túmulos de alguns reis da Espanha. Nela também está o terceiro maior sino da Europa - para isso há que se pagar além da entrada normal, €7, uma taxa de aproximadamente €3 para ter acesso à torre. Preferimos fazer o tour completo e pagamos por isso - valeu a pena!

Depois de algumas horas na Catedral, saímos caminhando pelas ruas da cidade e eu, mais uma vez, encantada com tudo o que via! Muita história e cultura espalhadas em cada canto dessa cidade... Encontramos duas pequenas exposições que interessaram a Jivago e eu resolvi acompanhá-lo: a primeira sobre os antigos instrumentos de tortura e a outra sobre os Templários. A exposição trazia réplicas desses instrumentos e textos explicativos sobre seu funcionamento. Fiquei chocada com as atrocidades que eram praticadas, principalmente na época da inquisição e a Espanha foi um dos países mais cruéis graças à minha xará, a Rainha Isabel, a Católica...

Vista da cidade banhada pelo Tejo
Como a grana estava curta, resolvemos almoçar uns sanduíches que levamos (é sempre bom levar algo para comer). Seguimos. Para nosso azar, o Alcazar estava fechado - e descobrimos isso depois de ter dado, pelo menos, duas voltas ao redor dele por não termos enxergado a placa que dizia que estava cerrado. Continuamos nossa caminhada pelas ruelas e, a cada passo, uma nova igreja, uma nova lojinha, lindas espadas, ateliês de arte, restaurantes e padarias, sinagogas, mesquitas, conventos e mosteiros... Uma verdadeira e maravilhosa mistura concretizada em Toledo. Finalmente chegamos à encantadora ponte de San Mantin sobre o rio Tejo. A essa altura já estávamos bem cansados, meus pés já não me obedeciam e frio começava a chegar. Então, resolvemos ir caminhando até a estação do trem e, assim, aproveitarmos mais a paisagem da cidade.

Toledo é uma cidade que vale ficar mais que um dia porque a quantidade de monumentos, prédios históricos, galerias e museus é grande, se levarmos em conta o tamanho da cidade. Fora isso, há ainda a Toledo mística onde se pode fazer trilhas noturnas nos principais pontos considerados sagrados da cidade. enfim, há atrações para todos os perfis e gostos: desde compras até o misticismo passando pela arte e pela cultura. Vale!


Informações
www.toledo-turismo.com


Segóvia, Patrimônio da Humanidade

Aqueduto
Acordamos super cedo para pegarmos o trem para a cidade de Segóvia - a Renfe é a empresa responsável pelos trens que são muito confortáveis e a viagem é super rápida, uns 30 minutos no máximo. Os bilhetes podem ser comprados na própria estação ou pela internet (www.renfe.com) e custam um pouco mais de €10 cada trecho. Aconselho a comprar pelo site e com uma certa antecedência porque há um fluxo muito grande de pessoas que vivem em Segóvia e trabalham em Madri. Além disso, há um pequeno desconto nos bilhetes comprados pela internet.
Meia hora depois, estávamos em Segóvia, considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO. E, ao desembarcarmos na estação e nos dirigirmos para o ônibus que nos levaria para o centro da cidade, percebemos que estava nevando! Sim, nevando em plena primavera! Claro que não era uma nevasca, mas não sabíamos que Segóvia era tão fria. Mais tarde ficamos sabendo que na cidade havia estação de ski... Descemos no centro e logo avistamos o famoso Aqueduto construído pelos romanos entre os séculos I e II... Nunca tinha visto algo tão antigo em minha vida! E, como todo turista, a primeira coisa a fazer foi ir até o centro de informações ao turista e pegar um mapa da cidade.

Catedral de Santa Maria de Segóvia


Caminhando pela cidade, a primeira parada foi na famosa e linda Catedral de Santa Maria de Segóvia (o valor da entrada é de € 3 e vale muito a pena visitá-la). Depois seguimos pelas charmosas e históricas ruas da cidade admirando tudo aquilo. Chegamos ao Alcazar, construído no século XII e que serviu inicialmente como fortaleza e depois como palácio, prisão e posteriormente como escola de artilharia e militar. O Alcazár é pequeno, porém podemos ver claramente a influência moura em sua arquitetura: as salas são repletas de arabescos lindíssimos nas paredes e, principalmente, nos tetos. Pode-se ainda apreciar uma rica sala de armas que conta com inúmeras e impecáveis armaduras da era medieval. Eu pude voltar um pouco no tempo...




Alcazar

Continuamos caminhando pela ruelas e resolvemos almoçar o famoso prato típico da cidade, o Cochinillo. Trata-se de um leitãozinho assado delicioso!!! Já passava das 15h30 quando entramos no restaurante vazio. Estranhei, mas perguntei ao garçon se estava aberto e ele, meio aborrecido, me disse que ainda estava em funcionamento mas que fecharia as 16h e que se eu quisesse almoçar teria que ser rápida porque ele não gostaria de ficar trabalhando durante toda a tarde! Coisas de europeu... Uma cidade turística funciona assim? Uma lógica de mercado que não vai funcionar por muito tempo... Enfim, resolvi ficar porque Jivago já estava azul de fome. Fizemos nosso pedido e o garçon já estava mais amistoso e ensaiou algumas palavrinhas. Alguns minutos depois já estávamos saboreando o tal Cochinillo... Que maravilha!!! Valeu muito a pena... Aconselho!



Dentro do Alcazar

Fartos de tanto comer, continuamos caminhando pela cidade. Em cada ruela que se entra há uma surpresa, seja por uma linda paisagem, seja por uma praça charmosa, seja por uma construção antiga. E ficamos assim por boa parte da tarde: andando, apreciando, sentando em banquinhos para ver a vida da cidade, conversando. Curtindo sem pressa. Há ainda o Palácio Real que fica há uns 11km do centro, mas, por um erro de cálculo, perdemos o ônibus e, assim, resolvemos caminhar ao logo do Aqueduto até que chegasse a hora de pegarmos novamente o ônibus que nos levaria de volta à estação de trem.

Segóvia é pequena, mas encantadora! Passeio imperdível!


Informações sobre trens
Renfe - www.renfe.com

Informações Turísticas de Segóvia
www.turismodesegovia.com





segunda-feira, 23 de abril de 2012

Madri

Congresso
Saímos de Paris ainda de madrugada com destino ao aeroporto local de Beauvais. No aeroporto, visão do inferno tamanha a quantidade de gente... Conseguimos embarcar e 1h50 depois já estávamos em solo madrilenho. De cara tive uma boa impressão da cidade só em chegar na estação de metrô - traçado moderno e  limpíssima, bem diferente das estações sujas de Paris. A cidade é pequena mas charmosa, bem sinalizada, organizada e de gente alegre. Boa também para quem quer comprar porque com a crise os preços caíram bastante.

Ficamos fazendo hora caminhando pela cidade até que nosso amigo baiano, Tiago, fosse nos encontrar para irmos à casa dele. Nesse meio tempo, visitamos a Plaza de España,  onde se encontram estátuas enormes de Dom Quixote e Sancho, caminhamos pela principal avenida comercial da cidade apreciando a belíssima arquitetura dos prédios e chegamos ao Parque Bom Retiro - enorme e conta com grandes canais, fontes, esculturas e monumentos, um lindo palácio de cristal e quadras e pistas largas para a prática de esportes. Ficamos por ali apreciando a natu:)reza e esperando o tempo passar. Dali, encontramos com nosso amigo, tomamos uma cerveja Guinness em um típico pub irlandês e seguimos para a casa dele pela principal estação de metrô de Madri, a estação de Atocha onde ocorreram os atentados terroristas liderados pela Al Qaeda.


Plaza Mayor
No dia seguinte, fizemos mais um tour pela cidade, passamos pela Catedral (onde compramos uma taboca... hum...), o Palácio Real (a família real não o habita), o templo de Debod e as Plazas de Ópera, Mayor, del Sol e de España. Passava das 14h quando finalmente fomos almoçar no Rincon Baiano, um restaurante de comida brasileira e baiana em plena Madri! Eu, claro, aproveitei para comer acarajé, pão de queijo, farofa, moqueca e um suquinho de acerola para finalizar... De fato a comida deixa a desejar, mas a vontade de comer tudo isso era tão grande, que achei tudo ótimo! Fomos ainda ao Mercado de São Miguel, uma espécie de mercadão municipal de São Paulo só que menor. Lá, pode-se comer pães, frios, doces e beber vinhos e espumantes. Os preços não são muito convidativos, mas dá para arriscar. Ao redor do mercado há lojas muito lindas que vendem de tudo: comidas, bebidas, souvenirs, etc... Uma maravilha!

No domingo tiramos para visitar o Museu do Prado, o maior da cidade que abriga as obras de Velázquez, Goya, El Greco, Fra Angélico, Caravagio... O museu destina, diariamente, as duas últimas horas de seu funcionamento para dar acesso gratuito - isso sim é promover o acesso à cultura! Além disso, há tarifa reduzida para estudantes independente da idade - na França, a redução se aplica a apenas estudantes com até 28 anos. Então, se for a Madri, não esqueça de levar sua carteira de estudante! Ficamos por 3h no museu e, claro, assim como a Monalisa é o ícone do Louvre, o quadro As Meninas de Velázquez é a grande atração. Ah, nada de fotos! E nem tente porque os funcionários são bem atentos e rigorosos... De lá, seguimos para o Jardim Botânico - enorme, mais parece um pomar a céu aberto, mas admito que o do Rio de Janeiro é mais lindo. Fomos ainda apreciar o por do sol do alto do Círculo de Belas Artes de Madri, um espaço cultural bem interessante e importante da capital.

Visitamos ainda uma arena de toros - os toureiros são verdadeiras celebridades, é como se fossem grandes atores de Hollywood e não é raro vê-los em capas de revistas, programas de tv e busdoors . As touradas são adoradas e vivem cheias. Em nosso último dia, tentamos visitar o museu Reina Sofia, mas estava cerrado. Uma pena, porque ele abriga as obras mais modernistas como as de Dalí e Picasso (A Guernica está lá). Caminhamos mais pela cidade e resolvemos comer na Mc Donalds que, para minha surpresa, oferece pão sem glúten! Experimentei uma delícia, na qual ando viciada, o iogurte grego! Indescritível! Melhor que chocolate, garanto!

Vista do terraço do Círculo de Belas Artes de Madri
Bom, Madri é uma cidade charmosa, organizada, agradável e conta com um excelente transporte público (trens e metrôs pontualíssimos e confortáveis e ônibus que contam com sistema WiFi, pasme!), muitos centros culturais e lindos lugares. Uma capital pequena, mas que vale a pena conhecer!


Informações
www.esmadrid.com

Museus
www.museoprado.es
www.museoreinasofia.es

Recesso de Primavera: rumo à Espanha!

Dormindo no aeroporto de Barcelona 


Tivemos um pequeno recesso de primavera e resolvemos aproveitar para viajar... Escolhemos a Espanha já que sempre tive vontade de conhecê-la, está próxima da França e o clima não estaria tão frio quanto os países mais ao norte. Em um pouco mais de uma semana visitamos as cidades de Madri, Barcelona, Segóvia e Toledo. A viagem foi ótima e retornaria feliz para a Espanha... O resultado de tantos dias intensos pode ser visto na foto ao lado... rsrsrs. Bom, como cada cidade tem sua peculiaridade, resolvi relatá-las separadamente. Vamos lá!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Experiências Gastronômicas I: uma explosão de sabores...

Patisserie Dominique Saibron
Gelateria Amorino
Sempre ouvi que a França é o país da gastronomia - famoso pelo grandes vinhos, champagnes, pela variedade de queijos (costuma-se dizer que existe um queijo para cada dia do ano) e pela sensacional patisserie... Já andei provando algumas iguarias por aqui, mas confesso que nem cheguei perto da metade da metade... Os doces não são tão açucarados quanto os que comemos no Brasil, mas nem por isso são menos saborosos! Desses, o Crème Brûlée e uma tortinha que não tem nome ganham em disparado. Há uma duas semana provei um sorvete italiano também sensacional, não somente pelo sabor, mas pela apresentação, em formato de rosácea, onde cada pétala pode                                                            ser um sabor - ah, o sorvete de pistache é surreal!



Hoje experimentamos um famoso queijo, o Mont D'or (que, de acordo com uma conhecida, é uma explosão de sabores) que pode ser comprado nos melhores mercados da cidade ou em fromageries - nós achamos no FranPrix). A peculiaridade desse queijo está no seu preparo: coloca-se alguns dentinhos de alho, vinho branco, levamos ao forno por uns trinta minutinhos e pronto! Acompanhado por frios e batatas, o Mont D'or se basta! E como dizem os franceses, Bon appétit!



SERVIÇO
Patisserie Dominique Saibron
77, avenue du Général Leclerc - Paris 14
(esquina da Rue d'Alésia com a avenue du Général Leclerc)

Amorino Gelato Al Naturale

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mont-Dore: ski, trekking e o limite...

Nesse último final de semana eu e Jivago, juntamente com uma excursão de estudantes, fomos para Mont-Dore, na região de Auvergne, para skiar... De fato eu fui meio que contrariada e com medo porque não sou muito de esportes radicais... Para começar era preciso ter roupas apropriadas e, graças a uma lista de discussão de brasileiros, pegamos emprestadas as roupas com uma brasileira super simpática que trabalha na AirFrance - é incrível como as relações mudam quando estamos fora do nosso país: onde que eu iria na casa de uma desconhecida pegar roupas de ski emprestadas?

Depois de quase 6h de viagem em um ônibus desprovido de toilet chegamos ao albergue. O sol ainda estava raiando quando tomava meu café no refeitório (que tinha uma vista direta para o monte) mas em poucos minutos o monte se mostrava para todos nós, lindo e branco. Fiquei ali por alguns minutos só admirando uma paisagem que até então só tinha visto em quebra-cabeças. Depois do café, alugamos os equipamentos e rumamos para a estação de ski. A primeira dificuldade começou em me acostumar a andar com as botas específicas - eu me sentia uma astronauta! Depois, foi vencer o primeiro medo, o de se movimentar. Como ainda não tínhamos tomado o curso para iniciantes, ninguém sabia ao certo como fazer. Então, desavisadamente, pegamos o primeiro teleférico que vimos... Admirando a paisagem, eu mal sabia onde estaria me metendo! Chegando ao final do teleférico, veio o primeiro desafio: sair da cadeirinha em movimento e sem cair! E advinha? Vídeo-cassetada dupla, minha e de Jivas, os dois no chão comendo neve! Em meio a risos, o cara do teleférico veio nos levantar. Mas, depois que me recompus, percebi onde eu estava: em uma pista de ski não apropriada para iniciantes! Confesso que entrei em pânico porque a única forma de descer era skiando e não pegar o teleférico de volta. tentei respirar, ficar calma e ver como poderia fazer. Jivago me ajudou nesse processo. Então, assim como todos os outros iniciantes, resolvi tirar meu par de skis e descer andando. E lá fui eu descer até o pé da montanha onde começaria o curso para iniciantes.

A fraude!!!!
O curso começou e a cada explicação, em francês, eu me convencia de que isso não era para mim. Repetia os movimentos que a instrutora pedia e, a cada  dois, um eu caia igual a jaca! Há que se ter muita força, equilíbrio e técnica. E, em meio ao meu insucesso, ao meu medo e a algumas dores no joelho bichado, resolvi desistir do curso. No começo eu me senti um pouco mal pela desistência, mas depois pensei que não havia nenhum mal nisso porque pelo menos eu havia tentado e testado meus limites. E o meu era aquele. A pouca sensação que experimentei me deu uma ideia de como esse esporte era prazeroso, mas não era o meu número. Então fiquei só acompanhando o desempenho de Jivago no curso e registrando suas quedas, claro! Ri muito, mas também fiquei orgulhosa do empenho que ele tinha e, no final do dia, ele já estava descendo a tal pista do teleférico. 

Vista da cidade de Mont-Dore
No dia seguinte, mais testes... De manhã fomos fazer trekking em uma montanha - ambiente hostil de 6°C e vento forte, e como não conseguiríamos chegar ao cume, resolvemos voltar de um pouco mais da metade do caminho. Questão de segurança, claro. Me senti em um daqueles filmes onde as pessoas se perdem em florestas frias! rsrsrs... Resolvemos então descobrir onde ficava a trilha que levava até a cidade de Mont Dore. Nesse ínterim, acabamos passando por uma antiga construção, que parecia uma pequena capela, onde havia uma placa que dizia que naquele lugar três homens haviam sido torturados, mortos e queimados pela Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial. Fiquei impressionada com aquilo porque até então o Nazismo era algo distante e visto apenas em filmes. Mas alí, em pleno lugar de lazer, havia uma forte lembrança dos horrores que o povo europeu viveu e, mais ainda, a intenção era exatamente essa: não esquecer jamais do que havia acontecido. Essa é a diferença em relação a nós, a memória. 

Depois do almoço, caminhamos por dentro da floresta por um pouco mais de uma hora, só que agora rumo à pequena  e simpática cidade de Monte Dore. Lá, demos uma pequena volta na cidade, tomamos um sorvetinho italiano e fomos para o ponto esperar o ônibus, gratuito, para nos levar de volta ao albergue. Arrumamos as malas e retornamos a Paris. Dia claro ainda, pude apreciar a paisagem da região dos queijos - repleta de pastagens verdes da primavera que contrastava com as árvores secas de um inverno rigoroso recém-acabado.  

Mais uma etapa burocrática: Carte de Séjour

Para viver na França não basta apenas ter o visto emitido pela embaixada no Brasil, é preciso ainda ter a Carte de Séjour - que nada mais é do que uma carteira de identidade emitida pelo governo francês, e que deve ser renovada anualmente. De porte dela, pode-se sair e retornar à França sem problemas. O processo todo não é rápido e pode levar até três meses. Por isso, o ideal é procurar logo o OFII (Office Français de l'Immigration et de l'Integration) para dar entrada  e aguardar  a convocação pelo correio. Um mês depois de entregar os papéis iniciais, e sem receber qualquer sinal de convocação, voltei ao OFII para me certificar se já havia ou não sido convocada. O escritório é uma visão do inferno: do lado de fora pessoas de várias nacionalidades amontoadas, uma senhora atrás de um balcão rosnando para qualquer um e uma organização de atendimento que depende da simpatia que o segurança teve ou não por você! Mas também há uma coisa legal, em alguns casos eles disponibilizam uma pessoa ao telefone da sua nacionalidade, ou que fale seu idioma, para intermediar seu processo com a tal senhora do balcão. Depois de esperar alguns minutos, essa senhora, rosnava e me dizia que eu já havia sido convocada para a semana seguinte, mesmo não tendo recebido nada pelo correio. Ótimo!  

Uma semana depois acordei cedo e fui novamente ao OFII. Mais uma vez, romenos amontoados do lado de fora (os romenos tem "invadido" a França e não são bem quistos e vistos por aqui - nada contra, não conheço nenhuma pessoa dessa nacionalidade, mas os romenos, homens e mulheres, tem a fama de serem os batedores de carteira de Paris - conheço algumas pessas que já foram vítimas disso), a senhora do balcão com a mesma cara e humor de sempre. Mas, felizmente, meu atendimento seria feito no andar de cima. E lá fui eu rumo à maratona: primeiro é preciso dar entrada entregando o papel da convocação e aí esperar ser chamada para ir a outra sala de espera; nessa outra sala você aguarda ser chamada para uma rápida avaliação médica (peso, medida, pergutas básicas de saúde e um pseudo exame de "vista" lendo frases e letras); depois volta para a mesma sala e espera ser chamada para fazer o raio-x do pulmão; faz o tal raio-x e volta para a sala para ser chamada pelo médico para uma consulta que dura uns 10 minutos (mais perguntas básicas, avaliação do raio-x, auscuta e medição de pressão). Passado isso, volta para a sala e espera ser chamada para retornar à sala inicial e aí sim entregar o restante dos documentos solicitados, pagar a tarifa e receber a Carte no passaporte - um adesivo com todas as suas informções que é colado no passaporte. Duas horas depois, já estava legalizada, zonza e muitos euros mais pobre! Desci as escadas e lá estava a bendita senhora, no auge do seu dia, gritando com um homen e os romenos lá fora, amontoados.

É uma situação em que você pode tentar olhar com humor porque existem pessoas e figuras de todas as parte do mundo, mas também pode-se analisar com outros olhos... Me questionei qual seria a história de vida de cada um ali, as motivações e objetivos de cada um, o que eles haviam passado para quererem viver em outros país que tem uma língua difícil para muitas nacionalidades... Enfim, me penalizei com a situação daquelas pessoas ali fora, com as senhoras mal vestidas e desamparadas que buscavam por informações com os romenos que pareciam refugiados... De fato, a França vem recebendo uma quantidade enorme de imigrantes com "baixa educação" e há sim uma campanha forte e declarada para mudar isso. Não consigo avaliar se há certos e errados nessa história, se a hostilidade daquela senhora do balcão é uma defesa pessoal por lidar com pessoas grossas também ou se sua postura já é um pouco da postura do governo... Enfim, as coisas tem se tornado cada vez mais difíceis para os imigrantes... E eu estava do outro lado, do lado confortável daqueles imigrantes legalizados...