quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mont Saint-Michel e realização de um sonho

Depois de uma longa pausa por conta de férias no Brasil e de volta a Paris, é hora de circular! O destino escolhido foi o tão sonhado Mont Sanit-Michel, situado na região da Normandia - digo tão sonhado porque sempre tive loucura para visitar esse lugar, que para mim é mágico, e era a minha prioridade ao chegar na França. Há algumas formas de chegar, mas nós preferimos pegar um TGV até a cidade de Rennes (2h de viagem) e de lá, um ônibus até Pontorson, cidade onde está localizado o Monte (o trajeto dura 1h). Os dois percursos são muito bonitos e repletos de paisagens bucólicas: campos cultivados de grãos, moinhos, pequenas cidades e muitos cataventos para a geração de energia eólica. Mas antes de chegarmos ao Monte, dormimos em um hotel super simples em Rennes e por isso deu para ter um jantar típico francês em um restaurante maravilhoso indicado no Guia Michelin 2012, o Le Galopin. Iniciei os trabalhos com uma entrada, nage de coquillages et crevettes roses au curry de Bengale (uma maravilhosa sopa de frutos do mar ao molho de curry), segui com o prato principal, magret de canard émincé aux cerises (um sensacional pato ao molho de cerejas) e finalizei com o tradicional créme brulée. Jivago preferiu ostras frescas como entrada, leitãozinho como prato e uma torta de maçã de sobremesa - tradição da região da bretanha. A digestão de tanta iguaria ficou por conta de uma caminhada pelas ruas da cidade, muito bonita e charmosa. Acordamos cedo para pegarmos o ônibus e, em pouco mais de uma hora, surgia uma das coisas mais lindas que já pude ver:  Le Mont Saint-Michel. E desde que desci do ônibus até entrar em seus domínios, eu era só arrepios. Não sei bem o motivo, mas sentia algo diferente naquele lugar... E tiradas as primeiras fotos, era hora de explorar.


Tombado pela Unesco como patrimônio mundial, o santuário começou a ser construído em 708 D.C (isso mesmo!) em homenagem a São Miguel - e por isso, há uma linda e imponente estátua dourada do arcanjo no topo da abadia. No século X, com a chegada dos monges beneditinos à abadia, uma pequena vila foi sendo formada aos pés do monte e, assim, começou a ser povoado. O Mont Saint-Michel serviu ainda de fortaleza durante a  Guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra) e por isso é considerado um dos símbolos da identidade francesa já que jamais conseguiu ser tomado pelos ingleses. Alguns historiadores afirmam que as visões de Joana D'Arc do arcanjo São Miguel apelando para que os franceses expulsassem os ingleses das terras Francas são atribuídas às histórias heroicas de defesa do Mont Saint-Michel durante um massivo ataque inglês em 1424. No século XVI, o monte serviu como prisão. Os detalhes da história desse patrimônio mundial podem ser conferidos nos pequenos quatro museus que o monte abriga - particularmente só indico a visitação do Museu Histórico porque oferece uma visão mais geral. Além dos museus, há a simples, mas linda Abadia (localizada no topo do monte), casinhas de pedra, restaurantes e lojinhas atraentes que abrigam os mais variados souvenirs - tapeçarias medievais, semi-jóias, porcelanas, gravuras, livros e tudo mais que todo turista adora comprar!

Depois de muito caminhar pelas ruelas sob um sol forte e um céu muito limpo e azul, descemos para a praia e, assim, pudermos admirará-lo sob outra perspectiva. A maré estava baixa e por isso deu para caminhar tranquilamente. Fiquei ali imaginando quantas batalhas haviam acontecido sobre aquelas areias. E deparar-se com a história é fascinante! Pés sujos, pele ardendo de sol e olhos nada cansados de admirar a paisagem, era hora de pegarmos o ônibus de volta a Rennes. Confesso que deu um aperto de deixar aquele lugar para trás, mas uma vontade certeira de retornar já havia se instalado. Definitivamente, eu ali ficaria por mais algumas horas somente a contemplar e a imaginar sua história. Sonho realizado.




Le Galopin














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