Jardim de Luxemburgo |
Desde que voltei a Paris no mês passado, já sabendo sobre
minha volta definitiva, comecei a me despedir dessa cidade. Nos primeiros dias,
comecei a fazer todos os passeios e visitas aos lugares que queria e que, por
qualquer motivo, ainda não tinha tido a
oportunidade como museus, palácios, lugares fora de Paris... O olhar era nostálgico,
mas feliz. Já nos meus últimos dias decidi revisitar meus lugares preferidos.
Tracei um roteiro, conforme a geografia e as condições climáticas, e tentei me
impor disciplina. Em um desses dias, chovia muito, e resolvi conhecer a rue Moufettard onde acontecia uma famosa
feira. Convidei Jivago e fomos. Saltamos na Boulevard
Saint-Michel, dei uma olhadinha na Notre
Dame e na fonte de Saint-Michel lembrando
os tempos de aula de fonética. Enquanto esperávamos a chuva diminuir, tomamos
um chocolate quente (aguado) na Starbucks. Seguimos em direção à tal rua,
guiados pelo senso de direção, da confiança de um relógio com bússola de
Jivago. Resultado: passamos batido pela entrada que daria na rua e fizemos o
maior caminho possível na chuva e no frio. Finalmente achamos a rua. Repleta de
bares, restaurantes e barraquinhas de feira, a Rue Mouffetard é só sabores. Aproveitamos para matar as saudades da
comida árabe e, usando nossos valiosos tickets, compramos algumas esfirras variadas.
Andando e comendo, acabamos saindo entre os fundos do Pantheon e nas laterais da Igreja de Saint-Étienne. Descemos a rua
e chegamos aos Jardins de Luxemburgo. Mal entramos no outono, mas seus sinais
já eram nitidamente lindos – de fato os jardins ainda estavam floridos, mas as
cores que predominavam eram o ferrugem e amarelo pálido. Tirei algumas fotos e
pegamos a saída do jardim que dava para a nossa sorveteria preferida, a Amorino.
Jivago me fez uma surpresa ao pedir um gouffre,
uma espécie de waffle francês,
acompanhado de sorvete de chocolate e maracujá – mas faltava o meu sabor
favorito, o de pistache (Jivago esqueceu...). Então ele pediu para trocar os sabores, mas o
rapaz, apesar de já ter colocado os sorvetes, e percebendo meu olhar desolado,
fez a gentileza de colocar um pouquinho do sorvete de pistache... Merci! Seguimos andando pelo Boulevard Montparnasse, entramos na rua
Rennes e tive a idéia de ir até a
igreja da Medalha Milagrosa para agradecer. Fomos. Fiz minhas orações, me
emocionei com minhas lembranças e saímos quando começava uma missa. Depois de
alimentar a alma, era hora de alimentar o corpo novamente – e eu estava no
lugar certo porque ao lado da igreja há a Le
Grand Epicerie de Paris, uma mistura de Perini e Zona Sul numa versão “mais-que-melhorada”
com produtos dos mais variados países que vão desde frutas, verduras, carnes,
frios, chás, condimentos, especiarias, azeites, vinagres balsâmicos, mostardas,
chocolates e bebidas, até produtos de luxo da gastronomia como trufas negras e
brancas, foie gras e, claro, caviar.
Comprei algumas coisas, nada à la Festa de Babette, mas não resisti. Alguns
euros mais pobre, voltamos para casa porque à noite tínhamos um encontro em um bistrô
no Marais com um casal de amigos de Salvador que estava na cidade. Continuava a
chover, mas a noite foi muito agradável e nada melhor que tomar um beaujolais e falar português com os
amigos – tenho sentido falta disso. Quase meia noite, aceleramos o passo rumo à
estação de metrô. E no caminho, mais despedidas: dessa vez da Torre
Saint-Jacques e do Hôtel de Ville.
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