quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Despedida - parte I

Jardim de Luxemburgo

Desde que voltei a Paris no mês passado, já sabendo sobre minha volta definitiva, comecei a me despedir dessa cidade. Nos primeiros dias, comecei a fazer todos os passeios e visitas aos lugares que queria e que, por qualquer motivo,  ainda não tinha tido a oportunidade como museus, palácios, lugares fora de Paris... O olhar era nostálgico, mas feliz. Já nos meus últimos dias decidi revisitar meus lugares preferidos. Tracei um roteiro, conforme a geografia e as condições climáticas, e tentei me impor disciplina. Em um desses dias, chovia muito, e resolvi conhecer a rue Moufettard onde acontecia uma famosa feira. Convidei Jivago e fomos. Saltamos na Boulevard Saint-Michel, dei uma olhadinha na Notre Dame e na fonte de Saint-Michel lembrando os tempos de aula de fonética. Enquanto esperávamos a chuva diminuir, tomamos um chocolate quente (aguado) na Starbucks. Seguimos em direção à tal rua, guiados pelo senso de direção, da confiança de um relógio com bússola de Jivago. Resultado: passamos batido pela entrada que daria na rua e fizemos o maior caminho possível na chuva e no frio. Finalmente achamos a rua. Repleta de bares, restaurantes e barraquinhas de feira, a Rue Mouffetard é só sabores. Aproveitamos para matar as saudades da comida árabe e, usando nossos valiosos tickets, compramos algumas esfirras variadas. Andando e comendo, acabamos saindo entre os fundos do Pantheon e nas laterais da Igreja de Saint-Étienne. Descemos a rua e chegamos aos Jardins de Luxemburgo. Mal entramos no outono, mas seus sinais já eram nitidamente lindos – de fato os jardins ainda estavam floridos, mas as cores que predominavam eram o ferrugem e amarelo pálido. Tirei algumas fotos e pegamos a saída do jardim que dava para a nossa sorveteria preferida, a Amorino. Jivago me fez uma surpresa ao pedir um gouffre, uma espécie de waffle francês, acompanhado de sorvete de chocolate e maracujá – mas faltava o meu sabor favorito, o de pistache (Jivago esqueceu...).  Então ele pediu para trocar os sabores, mas o rapaz, apesar de já ter colocado os sorvetes, e percebendo meu olhar desolado, fez a gentileza de colocar um pouquinho do sorvete de pistache... Merci! Seguimos andando pelo Boulevard Montparnasse, entramos na rua Rennes e tive a idéia de ir até a igreja da Medalha Milagrosa para agradecer. Fomos. Fiz minhas orações, me emocionei com minhas lembranças e saímos quando começava uma missa. Depois de alimentar a alma, era hora de alimentar o corpo novamente – e eu estava no lugar certo porque ao lado da igreja há a Le Grand Epicerie de Paris, uma mistura de Perini e Zona Sul numa versão “mais-que-melhorada” com produtos dos mais variados países que vão desde frutas, verduras, carnes, frios, chás, condimentos, especiarias, azeites, vinagres balsâmicos, mostardas, chocolates e bebidas, até produtos de luxo da gastronomia como trufas negras e brancas, foie gras e, claro, caviar. Comprei algumas coisas, nada à la Festa de Babette, mas não resisti. Alguns euros mais pobre, voltamos para casa porque à noite tínhamos um encontro em um bistrô no Marais com um casal de amigos de Salvador que estava na cidade. Continuava a chover, mas a noite foi muito agradável e nada melhor que tomar um beaujolais e falar português com os amigos – tenho sentido falta disso. Quase meia noite, aceleramos o passo rumo à estação de metrô. E no caminho, mais despedidas: dessa vez da Torre Saint-Jacques e do Hôtel de Ville.

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