segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mais uma etapa burocrática: Carte de Séjour

Para viver na França não basta apenas ter o visto emitido pela embaixada no Brasil, é preciso ainda ter a Carte de Séjour - que nada mais é do que uma carteira de identidade emitida pelo governo francês, e que deve ser renovada anualmente. De porte dela, pode-se sair e retornar à França sem problemas. O processo todo não é rápido e pode levar até três meses. Por isso, o ideal é procurar logo o OFII (Office Français de l'Immigration et de l'Integration) para dar entrada  e aguardar  a convocação pelo correio. Um mês depois de entregar os papéis iniciais, e sem receber qualquer sinal de convocação, voltei ao OFII para me certificar se já havia ou não sido convocada. O escritório é uma visão do inferno: do lado de fora pessoas de várias nacionalidades amontoadas, uma senhora atrás de um balcão rosnando para qualquer um e uma organização de atendimento que depende da simpatia que o segurança teve ou não por você! Mas também há uma coisa legal, em alguns casos eles disponibilizam uma pessoa ao telefone da sua nacionalidade, ou que fale seu idioma, para intermediar seu processo com a tal senhora do balcão. Depois de esperar alguns minutos, essa senhora, rosnava e me dizia que eu já havia sido convocada para a semana seguinte, mesmo não tendo recebido nada pelo correio. Ótimo!  

Uma semana depois acordei cedo e fui novamente ao OFII. Mais uma vez, romenos amontoados do lado de fora (os romenos tem "invadido" a França e não são bem quistos e vistos por aqui - nada contra, não conheço nenhuma pessoa dessa nacionalidade, mas os romenos, homens e mulheres, tem a fama de serem os batedores de carteira de Paris - conheço algumas pessas que já foram vítimas disso), a senhora do balcão com a mesma cara e humor de sempre. Mas, felizmente, meu atendimento seria feito no andar de cima. E lá fui eu rumo à maratona: primeiro é preciso dar entrada entregando o papel da convocação e aí esperar ser chamada para ir a outra sala de espera; nessa outra sala você aguarda ser chamada para uma rápida avaliação médica (peso, medida, pergutas básicas de saúde e um pseudo exame de "vista" lendo frases e letras); depois volta para a mesma sala e espera ser chamada para fazer o raio-x do pulmão; faz o tal raio-x e volta para a sala para ser chamada pelo médico para uma consulta que dura uns 10 minutos (mais perguntas básicas, avaliação do raio-x, auscuta e medição de pressão). Passado isso, volta para a sala e espera ser chamada para retornar à sala inicial e aí sim entregar o restante dos documentos solicitados, pagar a tarifa e receber a Carte no passaporte - um adesivo com todas as suas informções que é colado no passaporte. Duas horas depois, já estava legalizada, zonza e muitos euros mais pobre! Desci as escadas e lá estava a bendita senhora, no auge do seu dia, gritando com um homen e os romenos lá fora, amontoados.

É uma situação em que você pode tentar olhar com humor porque existem pessoas e figuras de todas as parte do mundo, mas também pode-se analisar com outros olhos... Me questionei qual seria a história de vida de cada um ali, as motivações e objetivos de cada um, o que eles haviam passado para quererem viver em outros país que tem uma língua difícil para muitas nacionalidades... Enfim, me penalizei com a situação daquelas pessoas ali fora, com as senhoras mal vestidas e desamparadas que buscavam por informações com os romenos que pareciam refugiados... De fato, a França vem recebendo uma quantidade enorme de imigrantes com "baixa educação" e há sim uma campanha forte e declarada para mudar isso. Não consigo avaliar se há certos e errados nessa história, se a hostilidade daquela senhora do balcão é uma defesa pessoal por lidar com pessoas grossas também ou se sua postura já é um pouco da postura do governo... Enfim, as coisas tem se tornado cada vez mais difíceis para os imigrantes... E eu estava do outro lado, do lado confortável daqueles imigrantes legalizados...

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