segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mont-Dore: ski, trekking e o limite...

Nesse último final de semana eu e Jivago, juntamente com uma excursão de estudantes, fomos para Mont-Dore, na região de Auvergne, para skiar... De fato eu fui meio que contrariada e com medo porque não sou muito de esportes radicais... Para começar era preciso ter roupas apropriadas e, graças a uma lista de discussão de brasileiros, pegamos emprestadas as roupas com uma brasileira super simpática que trabalha na AirFrance - é incrível como as relações mudam quando estamos fora do nosso país: onde que eu iria na casa de uma desconhecida pegar roupas de ski emprestadas?

Depois de quase 6h de viagem em um ônibus desprovido de toilet chegamos ao albergue. O sol ainda estava raiando quando tomava meu café no refeitório (que tinha uma vista direta para o monte) mas em poucos minutos o monte se mostrava para todos nós, lindo e branco. Fiquei ali por alguns minutos só admirando uma paisagem que até então só tinha visto em quebra-cabeças. Depois do café, alugamos os equipamentos e rumamos para a estação de ski. A primeira dificuldade começou em me acostumar a andar com as botas específicas - eu me sentia uma astronauta! Depois, foi vencer o primeiro medo, o de se movimentar. Como ainda não tínhamos tomado o curso para iniciantes, ninguém sabia ao certo como fazer. Então, desavisadamente, pegamos o primeiro teleférico que vimos... Admirando a paisagem, eu mal sabia onde estaria me metendo! Chegando ao final do teleférico, veio o primeiro desafio: sair da cadeirinha em movimento e sem cair! E advinha? Vídeo-cassetada dupla, minha e de Jivas, os dois no chão comendo neve! Em meio a risos, o cara do teleférico veio nos levantar. Mas, depois que me recompus, percebi onde eu estava: em uma pista de ski não apropriada para iniciantes! Confesso que entrei em pânico porque a única forma de descer era skiando e não pegar o teleférico de volta. tentei respirar, ficar calma e ver como poderia fazer. Jivago me ajudou nesse processo. Então, assim como todos os outros iniciantes, resolvi tirar meu par de skis e descer andando. E lá fui eu descer até o pé da montanha onde começaria o curso para iniciantes.

A fraude!!!!
O curso começou e a cada explicação, em francês, eu me convencia de que isso não era para mim. Repetia os movimentos que a instrutora pedia e, a cada  dois, um eu caia igual a jaca! Há que se ter muita força, equilíbrio e técnica. E, em meio ao meu insucesso, ao meu medo e a algumas dores no joelho bichado, resolvi desistir do curso. No começo eu me senti um pouco mal pela desistência, mas depois pensei que não havia nenhum mal nisso porque pelo menos eu havia tentado e testado meus limites. E o meu era aquele. A pouca sensação que experimentei me deu uma ideia de como esse esporte era prazeroso, mas não era o meu número. Então fiquei só acompanhando o desempenho de Jivago no curso e registrando suas quedas, claro! Ri muito, mas também fiquei orgulhosa do empenho que ele tinha e, no final do dia, ele já estava descendo a tal pista do teleférico. 

Vista da cidade de Mont-Dore
No dia seguinte, mais testes... De manhã fomos fazer trekking em uma montanha - ambiente hostil de 6°C e vento forte, e como não conseguiríamos chegar ao cume, resolvemos voltar de um pouco mais da metade do caminho. Questão de segurança, claro. Me senti em um daqueles filmes onde as pessoas se perdem em florestas frias! rsrsrs... Resolvemos então descobrir onde ficava a trilha que levava até a cidade de Mont Dore. Nesse ínterim, acabamos passando por uma antiga construção, que parecia uma pequena capela, onde havia uma placa que dizia que naquele lugar três homens haviam sido torturados, mortos e queimados pela Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial. Fiquei impressionada com aquilo porque até então o Nazismo era algo distante e visto apenas em filmes. Mas alí, em pleno lugar de lazer, havia uma forte lembrança dos horrores que o povo europeu viveu e, mais ainda, a intenção era exatamente essa: não esquecer jamais do que havia acontecido. Essa é a diferença em relação a nós, a memória. 

Depois do almoço, caminhamos por dentro da floresta por um pouco mais de uma hora, só que agora rumo à pequena  e simpática cidade de Monte Dore. Lá, demos uma pequena volta na cidade, tomamos um sorvetinho italiano e fomos para o ponto esperar o ônibus, gratuito, para nos levar de volta ao albergue. Arrumamos as malas e retornamos a Paris. Dia claro ainda, pude apreciar a paisagem da região dos queijos - repleta de pastagens verdes da primavera que contrastava com as árvores secas de um inverno rigoroso recém-acabado.  

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