quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Despedida do Brasil

Uma semana nostálgica com olhar de despedida… Apreciei deveras o mar; comi uma comidinha baiana com Thu; tomei banhos de folhas para espantar qualquer mau-agouro; curti o sorriso do meu lindo afilhado João Pedro; tentei pensar o menos possível sobre o dia da partida; resolvi algumas burocracias; refiz algumas vezes as malas; participei de mais uma reunião/ barraco da família, vulgo Unidos do Campo Grande e, claro, estive com aqueles que mais amo nessa vida: meus pais e minhas irmãs (claro, o outro amor de minha vida está no Velho Continente). Porém, a despedida foi em doses homeopáticas. No domingo foi a vez de me despedir daquela que jamais poderei viver sem ao menos dizer um oi por dia, minha irmã e melhor amiga Carolina e meu afilhadinho amado e adorado João Pedro – o bichinho, diante de tanta choradeira, assustado, perguntou: "Mamãe, tia Bel está triste? Por que?". E, no dia seguinte, mais de 24 horas depois, tive a graça de saber que ele lembrou de mim e indagou: "Mamãe, a tia Bel ainda está triste?" Do alto de seus 3 aninhos recém-completados em uma linda festa, quanta sensibilidade!

Na segunda, dia do meu embarque, tive que levar meu pai no aeroporto pela manhã (digo tive, porque, de fato, ele era a pessoa de quem menos agüentaria me despedir por vários motivos; mas, principalmente, por saber da sua fragilidade e da minha conexão com ele). E assim o foi: agarrei-me a ele como uma criança faz em seu primeiro dia de escola e por alguns minutos me mantive assim, sem nada falar, apenas sentido sua presença, seu amor, meu amor, pensando no medo de não poder fazer isso durante algum tempo, chorando e, enfim, dizendo a ele o quanto o amava e o quanto estava agradecida pelos 5 meses de férias em que estivemos juntos. Entrei no carro, naturalmente com a cara toda vermelha e, ao olhar pela janela, lá estava ele: em pé, a me olhar… Um olhar que me cortou mais ainda o coração. E, em seguida uma linda mensagem no meu celular.

Presentes das amigas Flávia e Karlene e do casal Junia e Bubu
Pela tarde, mais uma etapa dramática… No aeroporto tudo ia bem entre eu, minha irmã Cristiana, minha mãe e tia Zezé, peça fundamental para me segurar nesse processo todo de despedida… Recebi mensagens de Thu e das amigas de Brasília Michelly e Sheyla; comprei umas revistas e, enfim, chegou a hora! Eu, toda paramentada para o inverno europeu – de botas, meias e um legítimo Kilt escocês, coloquei meus óculos escuros e iniciei todo o processo de despedida… Antes disso, já havia começado a chorar. Olhei para Cris e ela já estava se acabando. Abracei minha mãe e novamente desabei… Ficamos abraçadas por minutos a fio, ela pedindo para sentir meu cheiro e eu pensando no medo que sentia em não vê-la mais e em não poder contar com sua serenidade de mãe por conta de alguma peça que a vida poderia pregar; então, pedi a ela que, por favor, se cuidasse porque ainda precisava muito dela nessa vida e que a amava muito. Ela, como sempre, tentou ser a mãe que precisamos nessa hora e me deu seu apoio, me lembrou do quanto seria feliz em Paris, das coisas lindas que veria e viveria… Amo-a por isso: pela sua serenidade, pela leveza e por me passar sempre a sensação de que tudo vai dar certo. E, em meio a tudo isso, Cris continuava a chorar e minha querida tia Zezé dizia coisas tão engraçadas que tudo pareceu uma grande piada, uma grande esquete de uma comédia dramática! Abracei minha irmã e mais uma vez choramos juntas… Pedi desculpas a ela por não poder acompanhá-la nos preparativos de seu casamento, disse que a amava e que sentiria muito sua falta (e, de fato, já estou sentindo até porque, ainda que eu não quisesse falar com ela, ela me ligaria – como já o fez em um certo dia em que conseguiu me ligar 15 vezes! Minha irmã, eu amo isso! rsrsr). Enfim, abracei minha tia Zezé, tão fundamental ali, e disse que a esperava em Paris‼! Entrei na sala de embarque com meu Kit-Paris na bolsa - Guia do Brasileiro em Paris, de Mariléa de Castro, o livreto Le Petit Nicolas, do genial Sempé-Goscinny, leitura obrigatória, e uma simpática caderneta de anotações cuja capa é uma homenagem ao filme Le Fabuleux Destin d’Amelie Poulaim – presentes da “Gibisco” Flávia Thu, do casal que adoro Junia e Bubu e da amiga “mocinha” super-produtora Karlene - tentando pensar que era apenas uma viagem de férias e que logo estaria de volta – em julho.

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